terça-feira, 17 de maio de 2011

ASCENDÊNCIA DO DESEMBARGADOR ERNANI BARREIRA PORTO ATRAVÉS DO PATRIARCA MATEUS MENDES DE VASCONCELOS, NATURAL DE TRAVANCA, PORTUGAL.

ASCENDÊNCIA DO DESEMBARGADOR ERNANI BARREIRA PORTO ATRAVÉS DO PATRIARCA MATEUS MENDES DE VASCONCELOS, NATURAL DE TRAVANCA, PORTUGAL.

O1. MATEUS MENDES DE VASCONCELOS, natural de Travanca, filho de Mateus Mendes de Vasconcelos e Ana Carvalho Fernandes, casa-se a 19.09.1743, com MARIA FERREIA PINTO, filha de Manuel Ferreira Fonteles e Maria Ferreira Pinto Brandão. Segundo o Monsenhor Francisco Sadoc de Araújo, o maior linhagista da heráldica cidade de Sobral, é raro o sobralense branco que não descenda do dito casal. Vide Cronologia Sobralense, Vol. I, p. 144. Deste matrimônio houve sete filhos, dos quais irei me referir ao terceiro da lista, da aludida Cronologia.
O2. ANTÔNIO MENDES DE VASCONCELOS. Foi batizado a 27.12.1756 e se casou duas vezes, a primeira com ANA JOAQUINA DE JESUS FERREIRA GOMES, filha de Domingos Ferreira Gomes e de d. Maria Álvares Pereira, no dia 5 de fevereiro 1777, na Fazenda Jaibaras de Cima, ainda hoje pertencente a Sobral. Falecendo Ana Joaquina, a qual foi sepultada na Matriz de N S da Conceição de Sobral, ocorre o segundo enlace com Teodora Inácia Teles de Menezes, viúva de Antônio Soares Apoliano Bulcâo.
03. ANTÔNIO FERREIRA GOMES – que veio a se casar com uma filha da madrasta, Teodora Inácia e Soares Bulcão, de nome MARIA INÁCIA DA CONCEIÇÃO, a sete de setembro de 1811, na Capela de São José, ou seja, em Patriarca, Distrito da Princesa do Norte, distando poucos quilômetros de Sobral. Do aludido consórcio, houve cinco filhos, dos quais vou destacar o de n.º 1, da lista (Vol. II, p. 58 da C. S.).
04. JOÃO FERREIRA GOMES, também conhecido por João Ferreira Gomes de Menezes, que se casou em seis de maio de 1847, com ANA JOAQUINA DA ROCHA, filha do 1º casamento de José Inácio Ferreira da Rocha com Rita Reginalda de Vera-Cruz, filha de Inácio Gomes da Frota e Ana Joaquina de Vasconcelos, filha de Manoel Francisco de Vasconcelos e de Maria Joaquina da Conceição Xerez Uchoa e neta do casal Luís de Sousa Xerez e Ana Teresa Lins de Albuquerque, sendo, portanto, neta de Mateus Mendes de Vasconcelos. Ver na obra e volume retro citado, os descendentes dos dois enlaces matrimoniais, às PP 188 e 189 da dita Cronologia Sobralense, de autoria do Mons. Francisco Sadoc de Araújo, quanto no vol. I, p. 144. Observe-se que José Inácio é neto de Manoel Ferreira Fonteles Filho e de Ana Maria da Conceição Dias Leitão e do Capitão Antônio Gomes de Albuquerque, o qual por sua vez é ancestral dos Desembargadores Francisco Haroldo Rodrigues de Albuquerque e João Byron de Figueiredo Frota, ambos a exemplo do autor destas linhas igualmente descendentes do Patriarca MATEUS MENDES DE VASCONCELOS, natural de Travanca. O Desembargador Ernani Barreira Porto é quatro vezes descendente de Manuel Ferreira Fonteles, três por intermédio dos irmãos Antônio Mendes de Vasconcelos, Manoel Francisco de Vasconcelos e Ana Maria de Vasconcelos, esta casada com Manoel Lourenço da Costa, pais de Rosa Maria de Vasconcelos que se casou com José Gomes de Albuquerque a 28 de outubro de 1806, na Matriz de Sobral, filho do já referido Capitão Antônio Gomes de Albuquerque e a quarta, já explicitada acima, através de Manoel Ferreira Fonteles Filho, do qual o Desembargador Ademar Mendes Bezerra também descende, em decorrência do casamento de Maria do Carmo Fonteles com Francisco Ferreira da Ponte, pai de Florêncio Ferreira da Ponte, avô materno do Cel. da Guarda Nacional, Antônio Enéas Pereira Mendes, casado com Regina Sabóia Ximenes de Aragão. Vide da citada Cronologia Sobralense, vol. I, Páginas 144, n.ºs 2 e 6; 183 a 184 e 290; vol. II, páginas 187 a 189, DO MONS. SADOC DE ARAÚJO.
05. ANTÔNIO RAIMUNDO FERREIRA GOMES DA FROTA nasceu em Santana do Acaraú em 1857, sendo filho de João Ferreira Gomes e Francisca Reginalda de Jesus Frota. Foram seus avós paternos Francisco Ferreira Gomes e Maria José de Andrade e maternos Inácio Gomes da Frota e Ana Joaquina de Jesus Vasconcelos. Casou-se em 1875 com Inês Furtado de Mendonça, filha de Rufino Furtado de Mendonça e de sua 2ª mulher, D. Maria Tomásia do Livramento. Foram seus avós paternos: Antônio Furtado de Mendonça e Ana Antônia de Sousa e maternos: José de Xerez Linhares e Ana Figueira de Melo. Antônio Raimundo faleceu em Massapê em 1930.
06. FRANCISCA DA FROTA PORTO OU FRANCISCA MARIA DA CONCEIÇÃO FROTA, nascida em Massapê em 1880, casada com o pernambucano JOSÉ DE MAGALHÃES PORTO de Madre de Deus, nascido em 1872. Ambos faleceram em Fortaleza, respectivamente, nos anos de 1951 e 1952 e foram sepultados no cemitério São João Batista, nesta Capital. Do enlace matrimonial, nasceram sete filhos, sendo cinco homens e duas mulheres, será destacado o quinto, na lista apresentada por Daniel Caetano de Figueiredo.
07. DR. HUGO FROTA DE MAGALHÃES PORTO, formado em Odontologia e em Direito. Casou-se com D. Maria Laís Barreira Porto, de cujo consórcio houve dois filhos, a saber: Mãe da Daniele Barreira Porto e o Desembargador Ernani Barreira Porto, nascido nesta Capital, a 26 de outubro de 1942, na residência de seu avô materno, Professor Dolor Uchoa Barreira, casado com a Sra. Maria José Turbay Barreira. Foi casado em Primeiras núpcias com a Sra. Ester de Freitas Leite Porto, natural da Bahia, de cujo consórcio houve dois filhos: Vicente Quezado Leite Neto e Ernani Barreira Porto Júnior. Do 2ª casamento com a Dra. Monique Gurgel de Sousa Barreira nasceram as Monique gêmeas Monique Gurgel Barreira Porto e Marrana Gurgel Barreira Porto.
OBSERVAÇÃO: RUFINO FURTADO DE MENDONÇA, ANCESTRAL DO DES. ERNANI BARREIRA PORTO, PARTICIPOU DA CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR NO CEARÁ, TENDO SIDO CONDENADO À MORTE E ANISTIADO UM DIA ANTES DE SUA EXECUÇÃO, DA QUAL FOI UM DOS LÍDERES O SEU TIO, PADRE GONÇALO INGNACIO DE ALBUQUERQUE MELO MORORÓ, arcabuzado na Praça dos Mártires a 30 de abril de 1825, hoje Passeio Público, por sinal, tio do Desembargador JOSÉ MARIA DE MELO.
DONA MARIA TOMÁSIA DO LIVRAMENTO, A LIBERTADORA, INTEGRAVA AS FAMÍLIAS FIGUEIRA DE MELO E XEREZ LINHARES, SENDO FILHA DE JOSÉ DE XEREZ LINHARES, TAMBÉM CHAMADO DE JOSÉ DE XEREZ DA FURNA UCHOA NETO E DE D. ANA FIGUEIRA DE MELO. FORAM SEUS AVÓS PATERNOS: FRANCISCO ANTÔNIO ALVES LINHARES E MARIA MANOELA DA CONCEIÇÃO UCHOA E MATERNOS: JOSÉ FIGUEIRA DE MELO, NATURAL DE PERNAMBUCO E MARIA DO LIVRAMENTO VASCONCELOS, ESTA FILHA DO TENENTE-CORONEL MANUEL FERREIRA DA COSTA E DE DONA INÊS MARIA DE VASCONCELOS. ESTE ÚLTIMO CASAL TEVE COMO PAIS, RESPECTIVAMENTE, O CAPITÃO-MOR DE SOBRAL, MANUEL JOSÉ DO MONTE E LUISA DA COSTA MACIEL E ANTÔNIO ÁLVARES LINHARES E INÊS MADEIRA DE VASCONCELOS, UMA DAS SETE IRMÃS, FILHA DO CAPITÃO MANUEL VAZ CARRASCO E SILVA E SUA SEGUNDA MULHER, D. MARIA MADALENA DE SÁ E OLIVEIRA, QUE FORA VIÚVA DE FRANCISCO BEZERRA DE MENEZES. MANUEL VAZ CARRASCO É TRINETO DE AUNAD DE HOLANADA E DE D. BRITES MENDES DE GÓIS E VASCONCELOS. ARNAUD ERA FILHO DE UMA IRMÃ DO PAPA ADRIANO VI, SEGUNDO TESTIFICA ANTÔNIO JOSÉ VICTORIANO BORGES DA FONSECA EM SUA NOBILIARQUIA PERNAMBUCANA. D. MARIA TOMÁSIA, COGNOMINADA DE LBERTADORA, POR SUA EXPRESSIVA LUTA EM FAVOR DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA, FALECEU NO RIO DE JANEIRO EM 1903, NO PRIMEIRO SEMESTRE DO DITO ANO, TENDO SIDO A NOTÍCIA DE SUA MORTE PUBLICADA NO JORNAL “A CIDADE” DE SOBRAL DE 22 DE JULHO DE 1903. DO SEU SEGUNDO MATRIMÔNIO COM FRANCISCO DE PAULA LIMA, FILHO DE JOSÉ FELÍCIO DE OLIVEIRA E FRANCISCA JOAQUINA DE OLIVEIRA, OCORRIDO EM 31 DE MARÇO DE 1859, NASCERAM-LHE DOIS FILHOS, A SABER: DR. FRANCISCO DE PAULA LIMA, FALECIDO INUPTO E FRANCISCA DE PAULA LIMA, QUE SE CASOU WILLIAM JOHN AYRES, NATURAL DA INGLATERRA. D, MARIA TOMÁSIA ERA IRMÃ DO DR. JERÔNIMO MACÁRIO FIGUEIRA DE MELO E SOBRINHA DO MINISTRO JERÔNIMO MARTINIANO FIGUEIRA DE MELO E DO DR. JOÃO CAPISTRANO BANDEIRA DE MELO, QUANTO DE D. JOAQUINA INÁCIA FIGUEIRA DE MELO, MULHER DO CEL. JOSÉ BALTAZAR AUGERI DE SABÓIA, AVÓS DO DR. JOSÉ SABÓIA DE ALBUQUERQUE, QUE FOI JUIZ DE DIREITO DE SOBRAL POR MAIS DE TRINTA ANOS, ALÉM DE POLÍTICO E EMPRESÁRIO NA PRINCESA DO NORTE. VEJAM-SE OS VOLUMES DE N. I e II, DA CRONOLOGIA SOBRALENSE, ÀS PÁGINAS 185, 348/349; E 155/156 E 326, RESPECTIVAMENTE. D. MARIA DO LIVRAMENTO DESCENDIA DOS CAPITÃES-MORES JOSÉ DE XEREZ DA FURNA UCHOA E MANOEL JOSÉ DO MONTE, ESTE FILHO DE GONÇALO FERREIRA DA PONTE E DE SUA SEGUNDA MULHER. D. MARIA DA CONCEIÇÃO DO MONTE E SILVA, NATURAL DA ILHA DA MADEIRA, DOS QUAIS IGUALMENTE DESCENDE O AUTOR DESTE TRABALHO. CUMPRE OBSERVAR QUE LUIZ DE SOUSA XEREZ, SOGRO DE MANOEL FRANCISCO DE VASCONCELOS, É IRMÃO DE JOSÉ DE XEREZ DA FURNA UCHOA, AMBOS PERNAMBUCANOS, A EXEMPLO DE GONÇALO FERREIRA DA PONTE E SEU FILHO MANOEL JOSÉ DO MONTE. COM A MORTE DA MÃE DESTE ÚLTIMO, GONÇALO SE CASA COM UMA IRMÃ DOS IRMÃOS JOSÉ E LUIZ DE XEREZ, OU SEJA, COM D. ROSAURA DO MENDONÇA UCHOA, DE CUJO CONSÓRCIO NÃO HOUVE DESCENDÊNCIA, CONFORME SE VÊ DA PÁGINA 36 DO PRIMEIRO VOLUME DA DITA CRONOLOGIA.

APÈNDICE:


Execução de Pe. Mororó ocorreu há 183 anos

Filho ilustre do município de Groaíras, Padre Mororó foi um dos mártires da Confederação do Equador

Fortaleza. Há 183 anos morria Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque Melo, que consagrou-se na história do Brasil como Padre Mororó, um dos expoentes do movimento político que ficou conhecido como a Confederação do Equador. Padre Mororó foi morto a tiros de arcabuz no dia 30 de abril de 1825, numa execução ocorrida no Passeio Público, em Fortaleza, após ter sido preso e acusado de praticar três crimes: proclamação da República de Quixeramobim; secretariado o governo revolucionário de Tristão Gonçalves e redigido o "Diário do Governo", o primeiro jornal do Estado do Ceará.

A condenação determinava o seu enforcamento porém, por não haver quem quisesse servir de algoz, a pena comutada para fuzilamento, ou melhor, tiros de arcabuz, uma antiga arma de fogo portátil, espécie de bacamarte. A crônica de Viriato Correia descreve com perfeição os últimos minutos de Padre Mororó: "Naquele dia 30 de abril de 1825 havia em Fortaleza um grande rumor de multidão emocionada. Ia ser executado pelas tropas imperiais o Padre Mororó. Na praça em que vai haver a execução, a multidão é tanta que, a custo, as tropas conseguem abrir passagem. Mororó é colocado na coluna da morte. Um soldado traz a venda para lhe por nos olhos, ´Não´, responde ele, ´eu quero ver como isto é´. Vem outro soldado para colocar-lhe sobre o coração a pequena roda de papel vermelho que vai servir de alvo. Detém a mão do soldado: ´Não é necessário. Eu farei o alvo´ e, cruzando as duas mãos sobre o peito, grita arrogantemente para os praças: ´Camaradas, o alvo é este´. E num tom de riso, como se aquilo fosse brincadeira diz: ´e vejam lá! Tiro certeiro que não me deixem sofrer muito´".

Segue Viriato, em seu relato: "Houve na multidão um instante cruel de ansiedade... A descarga estrondou. O Padre Mororó tombou sem vida. A seus pés tinham caído três dedos da mão que as balas deceparam".

O seu nome, como de muitos outros mártires brasileiros, encontra-se na gaveta empoeirada do esquecimento, inclusive na sua cidade natal, Groaíras, pouca atenção tem sido dispensada àquele que foi seu filho mais ilustre. Nas décadas de 60 e 70, o então prefeito Cezário Feijó de Melo, um de seus descendentes, colocou o seu nome numa rua e numa praça. Na década de 80, quando governava o município, Joaquim Guimarães Neto, foi feita a divisão da cidade em bairros, o local onde ele nasceu, conhecido como Mato Grosso, passou a chamar-se bairro Padre Mororó, porém, pouca gente hoje tem conhecimento disso e, por tal razão, continua a ser conhecido pela antiga denominação.

Falta de atenção
Naquela mesma década, por sugestão de um grupo de groairenses que criaram a Associação dos filhos de Groaíras residentes em Fortaleza, e por influência do desembargador José Maria Melo, foi construído um memorial: prédio moderno, bonito, porém, abandonado, infelizmente.

Esta falta de atenção já foi percebida, em 1975, pelo ilustre historiador sobralense, padre João Mendes Lira, que assim se manifestou: "O Padre Mororó foi tão elevado em seus ideais cívicos, religiosos e sociais quanto o General Sampaio. Por que, então, não deixar em Groaíras uma lembrança que perpetue a bravura, o destemor, o heroísmo de um homem que soube dar sua vida pelos nobres ideais que professava?". Embora padre Lira não tenha dito expressamente, ao citar a cidade de General Sampaio, outro grande cearense, nascido na localidade que hoje tem o seu nome como homenagem, quis o ilustre professor sugerir a mudança do nome de Groaíras para "Padre Mororó", idéia com a qual concordo e aproveito para conclamar os groairenses a apoiá-la.

CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR
Religioso destacou-se na luta republicana
Fortaleza. Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque Melo foi o nome de batismo de Padre Mororó, que nasceu no dia 24 de julho de 1778, no Riacho dos Guimarães, atual Groaíras. Ele iniciou os estudos no Interior do Ceará. Ainda moço foi mandado para o Seminário de Olinda, onde se ordenou. Como padre, foi capelão nas Vilas de Boa-Viagem, Tamboril e Quixeramobim.

Ele foi professor de língua latina em Aracati e jornalista, redator do primeiro jornal do Ceará " lançado em 1º de abril de 1824. Foi também político e secretário do governo revolucioinário de Tristão Gonçalves, quando teve participação ativa no movimento da Confederação do Equador.

Pe. Mororó destacou-se como idealizador e signatário da histórica sessão de 9 de janeiro de 1824 da Câmara de Quixeramobim. Neste dia, reunidos clero, nobreza e o povo, proclamou-se a primeira República do Brasil, rompendo assim com a monarquia absolutista de D. Pedro I.
O motivo daquela histórica sessão foi a grande traição cometida pelo imperador, que dissolveu, em novembro de 1823, a Assembléia Geral Legislativa e Constituinte que ele mesmo houvera instalado para escrever a primeira Constituição do Brasil, em maio do ano de 1823. Tudo isso aconteceu em 1824, 65 anos antes da proclamação da República, em 1889, sete meses antes da Confederação do Equador, iniciada em 26 de agosto de 1824.

Movimento autonomista
A Confederação do Equador, o mais significativo movimento autonomista e republicano acontecido no Brasil, no início do século XIX, foi causado pelo descontentamento que a dissolução da Assembléia Constituinte de 1823, e a outorga da Constituição de 1824, por D. Pedro I. Isto provocou, no Nordeste, uma insatisfação geral.

Pernambuco foi o centro irradiador deste descontentamento. No entanto, no Ceará, ao receber a notícia, vinda pelas mãos do diácono José Martiniano de Alencar, que à época estudava no seminário de Olinda, a Câmara da Vila de Campo Maior de Quixeramobim, numa memorável e heróica sessão, acontecida no dia 9 de janeiro de 1824, proclamou a primeira República do Brasil, quebrando, então, todos os laços que havia com a realeza, acusando, inclusive, o imperador de traidor da Pátria e declarando-o e toda a sua descendência decaídos dos direitos ao trono.

Determinou também que de imediato se organizasse um governo republicano para, o quanto antes, substituir o Governo Provisório existente na Capital e que ainda fora nomeado pelo usurpador deposto. Essa histórica sessão deu início ao movimento libertário que tantos sacrifícios custaram aos nossos conterrâneos.

Heróico movimento
Comandadas pelo groairense Padre Mororó " que, além de liderar, participar e subscrever aquela memorável ata, determinou que fossem enviadas deputações a outras Vilas para comunicar e conseguir adesão, como de fato sucedeu " as Câmaras das Vilas de Icó, Aracati e São Bernardo das Éguas Russas aderiram de imediato à causa, reproduzindo e fortalecendo o movimento que daí se espalhou por toda a província do Nordeste.

O heróico movimento teve figuras ilustres dos cratenses: Bárbara de Alencar e seus filhos José Martiniano e Tristão Gonçalves, do groairense, Mororó, do sergipano de Santo Amaro da Brotas, Pereira Filgueiras e tantos outros heróicos e valentes conterrâneos. Todos escondidos por trás de alcunhas como Alecrim, Anta, Araripe, Aroeira, Baraúna, Beija-flor, Bolão, Carapinima, Crueira, Ibiapina, Jaguaribe, Jucás, Manjericão, Mororó, Sucupiras, Oiticica. E, mesmo cientes de que a luta poderia lhes trazer serias conseqüências, foram adiante. De fato, muitos pagaram com a vida.

Domingos Pascoal
Especial para o Regional

Fonte: www.diariodonordeste.globo.com

Leia a biografia do Padre Mororó
Palavras-chave: Nordeste


Execução de Pe. Mororó ocorreu há 183 anos

Filho ilustre do município de Groaíras, Padre Mororó foi um dos mártires da Confederação do Equador

Fortaleza. Há 183 anos morria Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque Melo, que consagrou-se na história do Brasil como Padre Mororó, um dos expoentes do movimento político que ficou conhecido como a Confederação do Equador. Padre Mororó foi morto a tiros de arcabuz no dia 30 de abril de 1825, numa execução ocorrida no Passeio Público, em Fortaleza, após ter sido preso e acusado de praticar três crimes: proclamação da República de Quixeramobim; secretariado o governo revolucionário de Tristão Gonçalves e redigido o "Diário do Governo", o primeiro jornal do Estado do Ceará.

A condenação determinava o seu enforcamento porém, por não haver quem quisesse servir de algoz, a pena comutada para fuzilamento, ou melhor, tiros de arcabuz, uma antiga arma de fogo portátil, espécie de bacamarte. A crônica de Viriato Correia descreve com perfeição os últimos minutos de Padre Mororó: "Naquele dia 30 de abril de 1825 havia em Fortaleza um grande rumor de multidão emocionada. Ia ser executado pelas tropas imperiais o Padre Mororó. Na praça em que vai haver a execução, a multidão é tanta que, a custo, as tropas conseguem abrir passagem. Mororó é colocado na coluna da morte. Um soldado traz a venda para lhe por nos olhos, ´Não´, responde ele, ´eu quero ver como isto é´. Vem outro soldado para colocar-lhe sobre o coração a pequena roda de papel vermelho que vai servir de alvo. Detém a mão do soldado: ´Não é necessário. Eu farei o alvo´ e, cruzando as duas mãos sobre o peito, grita arrogantemente para os praças: ´Camaradas, o alvo é este´. E num tom de riso, como se aquilo fosse brincadeira diz: ´e vejam lá! Tiro certeiro que não me deixem sofrer muito´".

Segue Viriato, em seu relato: "Houve na multidão um instante cruel de ansiedade... A descarga estrondou. O Padre Mororó tombou sem vida. A seus pés tinham caído três dedos da mão que as balas deceparam".

O seu nome, como de muitos outros mártires brasileiros, encontra-se na gaveta empoeirada do esquecimento, inclusive na sua cidade natal, Groaíras, pouca atenção tem sido dispensada àquele que foi seu filho mais ilustre. Nas décadas de 60 e 70, o então prefeito Cezário Feijó de Melo, um de seus descendentes, colocou o seu nome numa rua e numa praça. Na década de 80, quando governava o município, Joaquim Guimarães Neto, foi feita a divisão da cidade em bairros, o local onde ele nasceu, conhecido como Mato Grosso, passou a chamar-se bairro Padre Mororó, porém, pouca gente hoje tem conhecimento disso e, por tal razão, continua a ser conhecido pela antiga denominação.

Falta de atenção
Naquela mesma década, por sugestão de um grupo de groairenses que criaram a Associação dos filhos de Groaíras residentes em Fortaleza, e por influência do desembargador José Maria Melo, foi construído um memorial: prédio moderno, bonito, porém, abandonado, infelizmente.

Esta falta de atenção já foi percebida, em 1975, pelo ilustre historiador sobralense, padre João Mendes Lira, que assim se manifestou: "O Padre Mororó foi tão elevado em seus ideais cívicos, religiosos e sociais quanto o General Sampaio. Por que, então, não deixar em Groaíras uma lembrança que perpetue a bravura, o destemor, o heroísmo de um homem que soube dar sua vida pelos nobres ideais que professava?". Embora padre Lira não tenha dito expressamente, ao citar a cidade de General Sampaio, outro grande cearense, nascido na localidade que hoje tem o seu nome como homenagem, quis o ilustre professor sugerir a mudança do nome de Groaíras para "Padre Mororó", idéia com a qual concordo e aproveito para conclamar os groairenses a apoiá-la.

CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR
Religioso destacou-se na luta republicana
Fortaleza. Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque Melo foi o nome de batismo de Padre Mororó, que nasceu no dia 24 de julho de 1778, no Riacho dos Guimarães, atual Groaíras. Ele iniciou os estudos no Interior do Ceará. Ainda moço foi mandado para o Seminário de Olinda, onde se ordenou. Como padre, foi capelão nas Vilas de Boa-Viagem, Tamboril e Quixeramobim.

Ele foi professor de língua latina em Aracati e jornalista, redator do primeiro jornal do Ceará " lançado em 1º de abril de 1824. Foi também político e secretário do governo revolucioinário de Tristão Gonçalves, quando teve participação ativa no movimento da Confederação do Equador.

Pe. Mororó destacou-se como idealizador e signatário da histórica sessão de 9 de janeiro de 1824 da Câmara de Quixeramobim. Neste dia, reunidos clero, nobreza e o povo, proclamou-se a primeira República do Brasil, rompendo assim com a monarquia absolutista de D. Pedro I.
O motivo daquela histórica sessão foi a grande traição cometida pelo imperador, que dissolveu, em novembro de 1823, a Assembléia Geral Legislativa e Constituinte que ele mesmo houvera instalado para escrever a primeira Constituição do Brasil, em maio do ano de 1823. Tudo isso aconteceu em 1824, 65 anos antes da proclamação da República, em 1889, sete meses antes da Confederação do Equador, iniciada em 26 de agosto de 1824.

Movimento autonomista
A Confederação do Equador, o mais significativo movimento autonomista e republicano acontecido no Brasil, no início do século XIX, foi causado pelo descontentamento que a dissolução da Assembléia Constituinte de 1823, e a outorga da Constituição de 1824, por D. Pedro I. Isto provocou, no Nordeste, uma insatisfação geral.

Pernambuco foi o centro irradiador deste descontentamento. No entanto, no Ceará, ao receber a notícia, vinda pelas mãos do diácono José Martiniano de Alencar, que à época estudava no seminário de Olinda, a Câmara da Vila de Campo Maior de Quixeramobim, numa memorável e heróica sessão, acontecida no dia 9 de janeiro de 1824, proclamou a primeira República do Brasil, quebrando, então, todos os laços que havia com a realeza, acusando, inclusive, o imperador de traidor da Pátria e declarando-o e toda a sua descendência decaídos dos direitos ao trono.

Determinou também que de imediato se organizasse um governo republicano para, o quanto antes, substituir o Governo Provisório existente na Capital e que ainda fora nomeado pelo usurpador deposto. Essa histórica sessão deu início ao movimento libertário que tantos sacrifícios custaram aos nossos conterrâneos.

Heróico movimento
Comandadas pelo groairense Padre Mororó " que, além de liderar, participar e subscrever aquela memorável ata, determinou que fossem enviadas deputações a outras Vilas para comunicar e conseguir adesão, como de fato sucedeu " as Câmaras das Vilas de Icó, Aracati e São Bernardo das Éguas Russas aderiram de imediato à causa, reproduzindo e fortalecendo o movimento que daí se espalhou por toda a província do Nordeste.

O heróico movimento teve figuras ilustres dos cratenses: Bárbara de Alencar e seus filhos José Martiniano e Tristão Gonçalves, do groairense, Mororó, do sergipano de Santo Amaro da Brotas, Pereira Filgueiras e tantos outros heróicos e valentes conterrâneos. Todos escondidos por trás de alcunhas como Alecrim, Anta, Araripe, Aroeira, Baraúna, Beija-flor, Bolão, Carapinima, Crueira, Ibiapina, Jaguaribe, Jucás, Manjericão, Mororó, Sucupiras, Oiticica. E, mesmo cientes de que a luta poderia lhes trazer serias conseqüências, foram adiante. De fato, muitos pagaram com a vida.

Domingos Pascoal
Especial para o Regional

Fonte: www.diariodonordeste.globo.com

Leia a biografia do Padre Mororó
Palavras-chave: Nordeste


Nenhum comentário:

Postar um comentário