segunda-feira, 26 de julho de 2010

Fontes sobre as Origens da Família Bezerra em Pernambuco, Portugal e Galicia, postado por Posted by FAMILY BEZERRA INTERNATIONAL at

Este artigo dá sequência ao trabalho pioneiro de Vinícius Barros Leal, "Os Bezerra de Menezes: Origens", Fortaleza, edição doautor, 1979. Outro crédito especial é dado a Luís Edgar de Andrade,por suas recentes pesquisas em Portugal, facultando o acesso à obrade Filgueiras Gaio, adiante referida. Comporta, ainda, uma home-nagem aos estudiosos da família no Ceará, em especial António Be-zerra de Menezes, o historiador, fundador do instituto, e suas filhasGeórgia e Maria José; Antonio Theophilo Bezerra de Menezes e osirmãos Murilo e Walder Bezerra de Sá, seus netos; D. Pompeu Be-zerra Bessa, Raimundo Teles Pinheiro, Fernando Câmara, Francis-co de Assis Arruda Furtado e o mestre maior da genealogia cearense,Raimundo Girão. A lista de homenageados se completa com os doisprimeiros nomeados, Vinícius Barros Leal e Luís Edgar de Andrade.O escopo do trabalho é sistematizar as informações contidasnas fontes documentais e bibliográficas pesquisadas pelo autor. Apartir das referências indicadas, outros pesquisadores terão faci-litados os seus estudos, seja no sentido de ampliar a compreensãodas origens da família, seja na correção de erros eventualmentecometidos.A base documental primária mais antiga que se tem de umBezerra em solo brasileiro é um depoimento prestado na vila deOlinda, em 16 de maio de 1594, perante o Licenciado Heitor Furtadode Mendonça, Visitador do Santo Ofício. O depoente apresentou-se àInquisição para denunciar um caso de blasfémia.Ao iniciar seu depoimento, assim se qualificou:"Domingos Bezerra... disse ser christão velho natural de Vianafoz de Lima filho de Antonio Martins da Boda e de sua mulher MariaMartins Bezerra gente nobre defunctos de ydade de sessenta e oytoannos, casado com Brazia Monteiro dos da governança desta terra eque disse ser fidalgo de geração morador na sua fazenda da Várzeafreguesia de Nossa Senhora do Rosário..." (Mendonça, 1929: 271).109Page 2Rpvista do Insl.il.ulo do Ceará - ¡994No dia 1 de junho de 1594 foi chamada para depor, como teste-munha de outro caso, a esposa de Domingos Bezerra. Ela se qualifi-cou nos termos seguintes:"Brazia Monteiro... disse ser christãa velha, natural desta Ca-pitania casada com Domingos Bezerra dos da governança della, deydade de quarenta annos pouco mais ou menos moradora na sua fa-zenda da Várzea" (Mendonça, 1929: 281).O original manuscrito da Visitação do Santo Ofício às Partesdo Brasil permaneceu guardado na Torre do Tombo, em Lisboa, doséculo XVI ao século XX. O grande historiador brasileiro Capistranode Abreu, cearense, obteve do historiador português J. Lúcio de Aze-vedo, seu amigo pessoal, a intermediação necessária para obter có-pia do documento. Antonio Baião, na época Diretor daquele princi-pal arquivo português, reviu pessoalmente a cópia. Paulo Prado, tam-bém amigo de Capistrano, patrocinou a publicação em São Paulo(Mendonça, 1929: XXXIII).O mesmo Domingos Bezerra aparece mencionado em outrosdepoimentos de denunciantes ou de testemunhas, acerca de di-versos eventos inquiridos pelo Visitador. Repetidas vezes ele édesignado pelo nome Domingos Bezerra o Velho (Mendonça, 1929:77; 84; 273; 285). Sendo assim, deveria haver um segundo Domin-gos, mais novo.Em 1675, um filho deste e neto do primeiro ingressou na Ir-mandade da Santa Casa de Misericórdia da Cidade de Olinda. Oassentamento à fi. 13 do livro de posse está assim redigido:"Aos 27 de Janeiro de 1675 se assignou por irmão com termoCosme Bezerra Monteiro natural de Pernambuco, filho legitimo deDomingos Bezerra de Barbuda e de Antonia Rodrigues Delgado; netopor parte paterna de Domingos Bezerra de Barbuda e de BraziaMonteiro, e por parte materna de Cosme Rodrigues e de Simoa da Rosa; e casado com D. Leonarda Cavalcanti, filha de Antonio Cavalcante de Albuquerque e de D. Margarida de Souza, todos desta terra"(RlACP. 1866: 313). O ingresso de irmãos na antiga Irmandade da Misericórdia de Olinda foi objeto da palestra proferida pelo Major Salvador Henriquede Albuquerque, 2o Secretário do Instituto Archeologico e Geographico Pernambucano, na 48a sessão ordinária, realizada em 3 de agosto de1865. A ata da sessão, publicada na Revista do Instituto, não reproduz o texto da palestra, mas transcreve 17 termos assinados por novos irmãos, entre os quais o de Cosme Bezerra Monteiro. Page 3 Fontes sobre as origens da Família Bezerra em Pernambuco, Portugal e Galicia. Os dados apresentados, procedentes de fontes primárias, ajudama entender melhor e a corrigir detalhes da "Nobiliarchia Pernambucana", de Antonio José Victoriano Borges da Fonseca (1718-1786) (Fonseca,1935). Esta constitui a mais extensa documentação genealógica organizada no Nordeste colonial. Os manuscritos originais, compondo quatro volumes, estiveram sob a guarda do Mosteiro de São Bento de Olinda por mais de um século. O exame do texto permite deduzir que o autor o redigiu de 1748 a 1781, com eventuais interrupções. Há evidências de adições posteriores, sem ser possível datá-las com exatidão. A pedido do Barão de Studart, foi feita uma cópia em fins de 1891 e inicio de1892. A publicação só veio a ocorrer em 1935, pela Biblioteca Nacional, em dois volumes (Mello: 148-152; 161-163). As quatro primeiras gerações de Bezerra, referidas nas fontes primárias citadas, encontram-se na Nobiliarchia, com algumas alterações nos nomes, porém com as identidades bem caracterizadas. É importante observar as coincidências e diferenças, a serem objeto de análise posterior. No Título de Bezerra Felpa de Barbuda consta:"'1 A família de Bezerra Felpa de Barbuda é das mais ricas dePernambuco e nelle consta os mesmos annos que a sua povoação, porque procede de Antonio Bezerra Felpa de Barbuda, natural de Ponte de Lima, e de sua mulher Maria de Araújo, que vieram a dita Capitania com o primeiro donatário. Delles foi filho: 2 Domingos Bezerra Felpa de Barbuda, que do Livro Velho da Sé consta que fallecera a 18 de Outubro de 1607 e que fora sepultado na dita igreja. Foi casado com Brazia Monteiro, que do mesmo livro consta que havia fallecido a 12 de Outubro de 1606. Esta Brazia Monteiro foi filha de Pantaleão Monteiro, primeiro Senhor do Engenho de S. Pantaleão da Várzea do Capibaribe, a que ainda hoje chamam engenho do Monteiro e de sua mulher Brazia Monteiro. Nasceram desse matrimonio: 3 Domingos Bezerra Felpa de Barbuda, adeante" (Fonseca,1935: 1: 35). "3 Domingos Bezerra Felpa de Barbuda casou com Antónia Rodrigues Delgado, filha de Cosme Rodrigues e de sua mu-lher Simôa da Rosa e foram seus filhos: 4 Cosme Bezerra Monteiro, que continua. 4 Simôa Bezerra, adeante ". Page 4 lie vistti do Instituto do Ceará - 1991 "4 Cosme Bezerra Monteiro, que ainda vivia em 1763 (sic) [erro de cópia], como se vê do termo de Irmão da Misericórdia,que assignou a 27 de Janeiro do dito anno; foi casado, como consta do dito termo, com D. Leonarda Cavalcante de Albuquerque, filha de Antonio Cavalcante d'Albuquerque, o da guerra e de sua mulher D. Margarida de Sousa, em título de Cerqueiras Cavalcante" (Fonseca: 1: 39). De Simoa Bezerra, irmã de Cosme Bezerra Monteiro, procedem os Bezerra de Menezes cearenses. Foi casada com Bento Rodrigues da Costa, filho de Manoel Rodrigues e Maria Simões. Simoa e Bento foram pais de Bento Rodrigues Bezerra, pernambucano, que casou com Petronila Velho de Menezes, baiana, dando origem ao sobrenome Bezerra de Menezes adotado pelas gerações seguintes. Dos filhos de Bento e Petronila quatro tornaram-se troncos da família no Ceará: João Bezerra Monteiro (os descendentes deram preferência ao Bezerra de Menezes), no Cariri; Francisco e Jerónimo Bezerra de Menezes, nos vales do Acaraú e do Aracatiaçu; Joana Bezerra de Menezes, no vale do Jaguaribe, em particular o Riacho doSangue. Para se conhecer as gerações de Portugal e da Galicia, a primeira fonte é uma certidão obtida em Lisboa pelo Capitão Amaro Bezerra. Declarando-se natural do Rio de S. Francisco, Capitania de Pernambuco, requereu que se lhe passasse uma certidão de brasão de armas, fidalguia e nobreza. A certidão foi feita por Joseph da Cruz Paulino e subscrita por Joseph Duarte Colusedo, escrivão da nobreza, datada em 10 de julho de 1718. Dez anos depois* em 4 de novembro de 1728, o Tenente Coronel Francisco Alves Camello requereu ao Tabelião da Villa do Penedo, Rio de S. Francisco. Comarca de Alagoas, Capitania de Pernambuco, o traslado desse documento. Borges da Fonseca o transcreveu na íntegra na sua NobiharchiaPernambucana (Fonseca: II: 345-347) e por essa forma o seu conteúdo foi preservado. Fundamental, para a matéria em exame, é o trecho onde se alinham os nomes dos antepassados galegos e portugueses dos Bezerra de Pernambuco. A ordem é inversa da comum, ou seja, segue de filho para pai, avô, bisavô e demais gerações em linha ascendente. O teor da certidão, nesse particular, está assim redigido:"... e todos são descendentes de Martim Bezerra, Fidalgo do Reino da Galisa, que por uma morte que fez passou a Portugal, consta ser filho de Rodrigo Fernandes Bezerra, neto de Lopo Bezerra, bisneto de Fernão Bezerra de Moscoso, terceiro neto de Lopo Bezerra de Page 5 Fontes sobre as origens da Familia Bezerra em Pernambuco, Portugal e Galicia. Muscoso, irmão de D. João Fernandes de Andeiro que foi Conde de Orem neste reino e governou como valido e primeiro ministro dos Senhores reis D. Fernando e D. Leonor Telles. Quinto (sic) [quarto] neto de Martim Bezerra de Moscoso, irmão de D. Nuno de Moscoso, Arcebispo de Santiago e de D. Affonso de Moscoso, Bispo de Mondonhedo; quinto neto de Fernão Bezerra e de sua mulher D. Maior Fernz. [Fernandes] de Moscoso, filha de Lopo Pires de Moscoso, de quem procede a casa dos Condes de Altamira, grandes de Hespanha, que é uma das principais daquella monarchia e é a família dos Bezerras muito antiga e della fala o Conde D. Pedro de Barcellos, filho de El-rei D. Deniz no seu Nobiliário, dos quais todos descendiam elle Supplicante e que sempre se trataram à lei de nobreza, sempre nelles não houve raça de infesta nação" (Fonseca: II: 346). O ''Nobiliário das Famílias de Portugal", de Manuel José da Costa Fììgueiras Gaio (1750-1831) (Gaio, s.d.) apresenta um referencial para cotejar os dados da certidão passada ao Capitão Amaro Bezerra. Os registros se iniciam mencionando os ancestrais mais recuados que o autor pôde identificar. Prossegue em linha descendente, até encontrar a quarta geração da família no Brasil e gerações contemporâneas em Portugal. Por serem numerosas as gerações, os detalhes e as palavras abreviadas, seria longa uma transcrição completa. Apresenta-se, apenas, a linhagem que chega a Cosme Bezerra Monteiro. Recompondo as palavras abreviadas, mas respeitando a redação do autor, a síntese da sucessão assim se configura: 1. João Bezerra houve de D. Maria Rodrigues Codorniz filha de Rodrigo Fernandes (Ruy, abreviado, no original) Gonçallo Gomes Bezerra o Surdo. Destes poderia passar algum a Castelã, e de lá tornarem a passar a Portugal. João Bezerra a que outros chamão Gonçallo Annes Bezerra não sabemos de quem era filho cazou com D. Maria Rodrigues Codorniz filha de Rodrigo Fernandes Codorniz. Gonçallo Gomes Bezerra o Surdo. Gonçallo Gomes Bezerra filho de João Bezerra cazou com (o Conde D. Pedro não trata dos ascendentes deste Gonçallo Gonçalves Bezerra nem do seu Irmão Soeiro GonçalvesBezerra). Gonçallo Gonçalves Bezerra Soeiro Gonçalves Bezerra Page 6 do Instituto do Ceará - 1991 3. Soeiro Gonçalves Bezerra filho de Gonçallo Gomes diz o Conde D. Pedro foi de mãos feitos e que seus filhos forão o mesmo como elle e entregarão Castellos que tinhão na Beira sendo traidores, entregando-os ao Conde de Bolonha D. Affonso quando veio por Governador não diz mais o Conde D. Pedro mas nos dizem ter Fernão Bezerra" (Gaio, s.d.:VII: 28)."4. Fernão Bezerra filho de Soeiro Gonçalves Bezerra cazou em Galiza e talvez lá se estabelesese por ser traidor neste Reino onde casou com D. Mayor Fernandes de Moscozo filha de Lopo Pires de Moscozo, D. Nuno de Moscozo Arcebispo de S. ThiagoD. Affonso Bispo de MondonhedoMartim Bezerra de Moscozo5. Martim Bezerra de Moscozo filho de Fernão Bezerra cazou com ... do Campo Lopo Bezerra de Moscozo D. Mayor Bezerra mulher de Fernão Sanchez de Moscozo 6. Lopo Bezerra de Moscozo filho de Martim Bezerra de Moscozo não se nos diz se cazara só que teve Fernão LopesBezerra7. Fernão Lopes Bezerra filho de Lopo Bezerra igualmente senão diz mais que teve Lopo Fernandes Bezerra 8. Lopo Fernandes Bezerra filho de Fernão Lopes igualmentese nos não diz mais que teve Rodrigo a que outros chamão D. Affonso Bezerra9. Rodrigo Bezerra, ou D. Affonso Bezerra como dizem outro filho de Lopo Fernandes Bezerra teve de Violante Moscozo Martim Bezerra10. Martim Bezerra filho de Rodrigo ou D. Affonso Bezerra. Cazou com...11. Antonio Pires Bezerra adiante no... que não seguimos queteve segundo o Nobeliario de Turis12. Domingos Nunes Bezerra (Gaio: VII: 29).(3) Outros fazem estes filhos de Pedro Nunes a saber Fernão Bezerra, Domingos Bezerra e D. Mecia Gonçalves filhos de Antonio Pires Bezerra e netos de Martim Bezerra no principio deste título o que não seguimos (Gaio: VII: 30). Page 7 Fontes sobre as origens da Família Bezerra em Pernambuco. Portugal e Galicia 4. Domingos Bezerra filho de Pedro Nunes Bezerra que passou ao Brazil (Domingos Bezerra no Nobeliario de Turis se diz filho de Antonio Pires Bezerra e neto de Martim Bezerra) cazou com D. Brazia Monteiro filha de... Monteiro de Monte Mor o velho) (Gaio: VII: 31). 5. Domingos Bezerra Monteiro filho de Domingos Bezerracazou com D. Antonia Rodrigues Delgado6. Cosme Bezerra Monteiro6. Cosme Bezerra Monteiro filho de Domingos Bezerra cazou no Brazil com D. Bernardo [evidente erro de composição](Leonarda) Cavalcante filha de Antonio Cavalcante Mestre de Campo e Governador no levantamento de Pernambuco...(Gaio: VII: 32). É importante notar que Filgueiras Gaio admite ser Pedro Nunes"Bezerra o nome do pai de Domingos Bezerra, e não Antonio Pires(sic) Bezerra. No entanto, registra a alternativa que ele rejeita e indica a fonte. A alternativa por que optou não foi a correta. Não obstante, o propósito de ser fiel às pesquisas que empreendeu o le-vou a registrar a segunda alternativa, que se revela mais próxima das fontes documentais primárias conhecidas e das fontes secundárias preservadas no Brasil. Com efeito, salvo os detalhes de nomes, o mencionado "Nobeliario de Turis" indica a sequência correta de geração entre Domingos, seu pai António e seu avô Martim Bezerra. Por conseguinte, dispõe-se de outra fonte para cotejar a sequência de gerações inserida na certidão passada em 1718 ao Capitão Amaro Bezerra (Fonseca: II: 346).Ouso levantar a hipótese de que o 'Tires" de Antonio Bezerra foi erro de leitura paleogràfica. Poderá ter sido cometido pelo autor da fonte consultada por Felgueiras Gaio, ou por ele próprio no manuscrito da sua obra. Consoante a formação de nomes em Portugal, na época, o mais correto é que Antonio filho de Martim Bezerra viesse a se chamar Antonio Martins Bezerra.Sobre Lopo Pires de Moscozo e Martim Bezerra de Moscozo,referidos nos números - 4 e 5 da lista de Felgueiras Gaio, o historiador galego Vasco de Aponte faz menção a ambos, nomeando-os Lope Pérez de Moscoso e Martin Bezerra de Canees (Aponte, 1986: 171), citando sua fonte consultada, López Ferreiro, História, VII, 124, esta, todavia, não disponível. Sobre a esposa de Martin, que aparece referida simplesmente "... do Campo", outro historiador galego, GarciaOro, registra que a família Moscoso se enlaçou com os burgueses115Page 8Heriala do Instituto do Ceará - 199! compostelanoe Do Campo (Garcia Oro, 1987:116: 265; 268-269). Permanece desconhecido o nome da esposa de Martin, mas fica identificada a sua origem.Nomes e eventos citados na certidão passada ao Capitão AmaroBezerra e no trabalho de Felgueiras Gaio são referendados em documentos antigos. O "Livro do Deão", que forma uma das partes dos "Livros Velhos de Linhagens", escrito no século XIV, faz referência ao Bezerra mais recuado da listagem de Felgueiras Gaio e às circunstâncias do nascimento do filho: "E o sobredito dom Rodrigo Fernandes Codorniz, irmão de dom João Fernandes Batissela. Foi casado com uma dona e fege nela dona Maria Rodrigues Codorniz. E esta dona Maria Codorniz rouçou-a João Bezerra de casa de dom Rodrigo Gomes, e fege nela Gonçalo Gomes, o Gordo" {PMH.1980a: 206-207).Pesquisador das famílias medievais portuguesas, o historiadorJosé Mattoso (Mattoso. 1985) levantou a ascendência de D. RodrigoFernandes, o Codorniz. Foi filho de D. Fernando Aires de Lima, emoutros documentos D. Fernão Aires d'Anho Batissela, e de D. Teresa Bermudes de Trava. Esta, filha de D. Bermudo Peres de Trava e de D. Urraca Henriques de Portugal. D. Bermudo foi filho de D. Pedro Peres de Trava e D. Teresa, irmã de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, filha do conde D. Henrique de Borgonha e de D.Teresa de Leão e Castelã. É importante observar que tanto em Felgueiras Gaio, como no Livro do Deão e outras fontes antigas, os nomes aparecem com frequência em forma abreviada, a exemplo de Ruy, Rui ou Roi para Rodrigo, Frz para Fernandes etc. Nestes casos, as formas abreviadas foram colocadas na sua forma extensa, atual. Anterior ao livro precedente, o "Livro de Linhagens" do Conde D. Pedro de Barcelos (1280-1354), inclui um registro explícito à conduta reprovável de Soeiro Gonçalves Bezerra e seus filhos:"E este Sueiro Bezerra houve filhos tam mãos como ele e tammãos feitos foram treedores. também o padre como os filhos, ca derompeça de castelos na Beira, que tinham dei rei Dom Sancho, a que haviam feita menagem por eles e deram-nos ao conde dom Afonso de Bolonha, quando vinha por governador do regno per mandado do Papa"(PMH, 1980b: II/2: 147).Page 9Fontes sobre as origens da Familia Bezerra em Pernambuco, Portugal e Galicia Através da literatura trovadoresca contemporânea do evento, que ocorreu por volta de 1247, identifica-se que Soeiro Bezerra entregou o castelo de Monsanto e seu filho Rodrigo Bezerra (Roi, abreviado, na cantiga) o castelo de Trancoso. Trata-se de uma cantiga de escárnio e mal dizer da autoria de Airas Peres Vuiturom, que seacha no Cancioneiro da Biblioteca Nacional, N° 1478, e no Cancioneiro da Vaticana, N° 1088- Ambos, D. Pedro e Airas Peres, referem-se a filhos, no plural. Quais os seus nomes e os respectivos castelos de que eram alcaides, não há registro. Identifica-se apenas os dois castelos anteriormente relacionados. Os versos que mencionam os Bezerra são os seis primeiros e outros quatro no meio: A lealdade dos Bezerra, que pela Beira muito anda; bem habetur qu'antradenhamos; pois quando Papa manda Nom tem Soeiro Bezerra que terr'é em vender Monsanto, ca diz que nunca Deus diss[e] a Sam Pedro mais de tanto:- Que tu legares em terra erit ligatum in celo. Porém diz ca nom é torto de vender outro castelo! Ofereceu Trancos[o] ao conde Roi Bezerro: falou entom dom Soeiro, por sacar seu filho d'erro:- Nom potest filius meus sine patre sue faceré quidquam, Salvos som os traidores, pois bem isopados ficam.(CP, 1961:67-69) Um detalhe interessante no documento de 1718 é que Joseph Duarte Colusedo, escrivão da nobreza, ao mandar Joseph da Cruz Paulino fazer a certidão a ser passada ao Capitão Amaro Bezerra seguramente orientou o escriturário para que parasse na geração imediatamente anterior a Soeiro Gonçalves Bezerra. Não ficaria bem para o destinatário dispor de um documento que por um lado o nobilita, mas que por outro o faz descender de um traidor da pátria. Ainda em relação ao mesmo documento cabe uma retificação. O texto, ao referir-se a Lopo Bezerra de Moscoso, qualifica-o como irmão de João Fernandes de Andeiro, Conde de Ourem. As evidências indicam que Lopo Bezerra foi cunhado da mulher de JoãoFernandes de Andeiro. A Crónica do Rei Dom Fernando, de FernãoLopes, escrita no século XV, contém uma passagem com a seguinte informação:117Page 10 Revista do Instituto do Ceará - 199-1 ____"Onde sabe e, que Joham Fernamdez vivemdo na Crunha, morreo Femara Bezerra, huum cavalleiro muito honrado de Galliza; e sua molher, a que ficara hum filho que chamavam Joham Bezerra, casou com este Joham Fernamdez, que chamavom Damdeiro, posto que não fosse igual pera casar com ella; e houve Joham Ferandez della quatro filhas, e huum filho: ... Sua molher do com de avja nome Dona Mayor, molher de prol, e de boom corpo" (Lopes, s.d.: 373-374).No século XVI Duarte Nunes de Leão também escreveu uma Crònica dos Reis de Portugal e ao tratar do reinado de D. Fernando, assim se refere quanto ao casamento de João Fernandes de Andeiro:"Este homem (como staa dito atrás) era Gallego. & casou em Galliza com huma Dona mui honrada, & de melhor sangue que elle, que fora molhei1 de hum Fernão Bezerra, fidalgo principal, de queloam Fernandez houue hum filho & quatro filhas" (Lkão, 1975: 384).Pela configuração dos nomes, foram irmãos Fernão e Lopo Be-zerra. Não há lógica em terem sido irmãos Lopo Bezerra e JoãoFernandes de Andeiro. Presumivelmente, após o segundo casamen-to da cunhada, a lógica aponta no sentido de que Lopo Bezerra atenha acompanhado a Portugal, mantendo relacionamento com JoãoFernandes de Andeiro, protegido do rei D. Fernando e da rainha D.Leonor. Somente assim se entende que a pessoa de João Fernandes tenha sido associada à de Lopo e que a descendência deste tenha vindo a fazer parte de um nobiliário português. Para entender os fundamentos da declaração de Domingos Bezerra ao Visitador do Santo Ofício é essencial ter em conta que a inclusão das duas primeiras gerações de Bezerra nos "Livros Velhos de Linhagens" e das três primeiras no "Livro de Linhagens do Conde D. Pedro" representam reconhecimento de origem nobre. Ademais, o fato de Soeiro Gonçalves Bezerra ter sido alcaide de um castelo e de outros filhos seus terem ocupado idênticas funções, dá suporte à evidência indicada pelos citados livros. Três gerações após, os registros de Fernão Lopes e Duarte Nunes de Leão apontam no mesmo sentido. Não significa, entretanto, que fossem da alta nobreza. José Mattoso, já citado, faz referência a linhagens secundárias e entreestas inclui a família Bezerra (Mattoso, 1981: 298).Em resumo, as gerações que partem da Galicia até alcançar as duas primeiras de Bezerra em Pernambuco, podem ser esquematizadas como adiante se apresenta: Page 11 Fontes sobre as origens da Familia Bezerra em Pernambuco, Portugal e GaliciaD. Pedro Peres de Trava D. Henrique de Borgonhac.c. D. Teresa de Leão e Castelã pai de pais de D. Berraudo Peres de Trava c.c. D. Urraca Henriques de Portugal pais de D.Teresa Bermudes de Trava c.c. D. Fernão Aires d'Anno Batissela pais deD. Rodrigo Fernandes, o Codorniz pai deJoão Bezerra e D. Maria Rodrigues Codorniz pais de Gonçalo Gomes Bezerra pai de Soeiro Gonçalves Bezerra pai de Fernão Bezerra Lopo Peres de Moscosoc.c. D. Mayor Fernandes deMoscosopais de9 Martin Bezerra de Moscosopai de10 Lopo Bezerra de Moscoso pai de 11 Fernão Lopes Bezerra pai de12 Lopo Fernandes Bezerra pai de 13 Rodrigo Bezerra pai de 14 Martins Bezerra e pais de Antonio Pires [Martins] Bezerra15 = Antonio Martins de Barbuda c.c. Maria Martins Bezerra pais de 16 Domigos Bezerra de Barbuda Por conseguinte, ao declarar em Olinda, no ano de 1594, perante o Visitador do Santo Ofício, Heitor Furtado de Mendonça, que era fidalgo de geração, Domingos Bezerra afirmou o que reco-nhecia como fato. Ele tinha consciência dos laços que o ligavam aos antepassados. Violante de Moscoso Pantaleão Monteiro c.c. Brasia Monteiro pais de c.c. Brasia Monteiro11 9 Page 12 Revista do Instituto do Ceará - 199-1 Para alcançar os troncos no Ceará, as gerações subsequentes, partindo de Domingos e sua mulher, são: 16 Domingos Bezerra de Barbuda c.c. Brasia Monteiro, Cosme Rodrigues c/c Simoa da Rosa pais de 17 Domingos Bezerra de Barbuda cc. Antonia Rodrigues Delgado pais de18 Cosme Bezerra Monteiro c.c. Leonarda Cavalcanti 18 e Simoa Bezerra c.c. Bento Rodrigues da Costa Simoa e Bento pais de19 Bento Rodrigues Bezerra c.c. Petronila Velho de Menezes pais de 20 João Bezerra Monteiro, Jerónimo Bezerra de Menezes 20 Francisco Bezerra de Menezes, Joana Bezerra de Menezes Concluindo: somando-se as 11 gerações de Bezerra de Menezes no Ceará às 20 pesquisadas, são 31 no total. Marcam suas presenças em 9 séculos de história, do século XI ao século XX. Fontes Bibliográficas Aponte, Vasco de. 1986. Recuento de las Cosas Antiguas del Reinode Galicia. Santiago de Compostela, Xunta de Galicia, Conselleria da Presidencia, Serviço Central de Publicaciones.CP. 1961. Clássicos Portugueses, Cantigas de Escárnio e Maldizerdos Trovadores Galego-Portugueses. Lisboa, Livraria Clássica Editora. Fonseca, Antonio José Victoriano Borges da Fonseca. 1935. NobiliarchiaPernambucana, vols. I e II, Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional. Gaio, Manuel José da Costa Felgueiras, s.d. Nobiliário das Famíliasde Portugal, (ref. bibliogr. incompleta) Garcia Oro, José. 1987. Galicia- en los Siglos XIVy XV. FundaciónPedro Barrie de la Maza, Conde de Fenosa, MCMLXXXVILLeão, Duarte Nunes de. 1975. Crónicas dos Reis de Portugal refor-madas pelo Licenciado Duarte Nunes de Leão. Porto, Lello & Ir-mão Editores.Lopes, Fernão, s.d. Crónica do Senhor Rei Dom Fernando Nono ReiDestes Regnos. Porto, Livraria Civilização Editora.Page 13Fontes sobre as origens da Família Bezerra em Pernambuco, Portugal e Galicia M Airoso, José - 1981. A Nobreza Medieval Portuguesa: a família e o poder. Lisboa, Editorial Estampa. Mattoso, José. 1985. Ricos Homens, Infanções e Cavaleiros: a nobre-za medieval portuguesa nos séculos XI e XII. Lisboa, Guimarães Editores. Mello, José Antonio Gonsalves de. 1986. A Nobiliarchia Pernam-bucana, in Estudos Pernambucanos, 147-194. Recife, Governo dePernambuco, Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes/FUNDARPE. Mendonça, Heitor Furtado de. 1929. Primeira. Visitação do SantoOfício às Partes do Brasil Pelo licenciado Heitor Furtado de Men-donça - Denunciações de Pernambuco 1593-1595. São Paulo, Série Eduardo Prado, Para Melhor Conhecer o Brasil, Homenagem de Paulo Prado. PMH. 1980 a. Portugaliae Monumenta Histórica, Livro do Deão, inLivros Velhos de Linhagens. Lisboa, Publicações do II Centenárioda Academia das Ciências. PMH. 1980b. Portugaliae Monumenta Histórica, Livro de Linhagensdo Conde D. Pedro. Lisboa, Publicações do II Centenário da Academia das Ciências.RLAGP. 1866. Revista do Instituto Archeologico e Geographico Pernambucano. Recife.
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terça-feira, 20 de julho de 2010


Ademar Mendes Bezerra, filho de João Bezerra de Menezes e Regina de Aragão Mendes Bezerra. Sou neto de Francisco Bezerra de Menezes e bisneto de João Bezerra de Menezes, originário do Riacho do Sangue, que se casou na Região Norte do Ceará, com Manuela Peres Nunes, provavelmente de Ipueiras no Ceará. Minha mãe era filha de Regina Saboya Ximenes de Aragão e do Cel da Guarda Nacional Antônio Enéas Pereira Mendes que, por sua vez era bisneta de Maria Clara Bezerra de Menezes Castro e Silva, do Aracati, que se casou com Vicente Maria Carlos de Saboya, cuja família em boa parte migrou para a cidade Sobral, onde nasci. Gostaria de saber da filiação do meu citado bisavô, João Bezerra de Menezes, de quem meu pai herdou o nome. Tenho quase certeza de que tanto o meu pai como minha mãe, descendem da Matriarca dos Bezerra de Menezes da Região Jaguaribana, Joana Bezerra de Menezes. Tenho conhecimento de que os irmãos Francisco Bezerra de Menezes e Jerônimo Bezerra de Menezes, irmão de Joana Bezerra de Menezes, deixaram ilustre descendência em Sobral, da qual integra o notável advogado Heráclito Fontoura de Sobral Pinto, bem como o Ministro César Asfor Rocha, Presidente do Superior Tribunal de Justiça, se não estiver enganado, por sinal casado em segundas núpcias, com a Dra. Magda Bezerra de Menezes Figueiredo, que foi minha aluna, na Centenária Faculdade de Direito. Francisco Bezerra de Menezes, o velho, foi casado com D. Maria Magdalena de Sá e Oliveira, irmã de Sebastião de Sá, que governou a Capitania do Ceará por duas vezes, em 1678 e 1684, segundo a Cronologia Sobralense, I volume, p. 128, do Mons. Francisco Sadoc de Araújo, o maior linhagista sobralense. Com a morte do marido, com quem teve os filhos Gonçalo João Coimbra e Amaro Lopes de Menezes, os quais se casaram respectivamente, com Cosma de Melo Moura e Francisca Bezerra de Menezes, filhas de Jerônimo Bezerra de Menezes, sobrinhas e noras de Francisco Bezerra de Menezes. Com o falecimento deste, D. Magdalena de Sá e Oliveira, casa-se com o viúvo Manoel Vaz Carrasco e Silva, cognominado de “O Pai das Sete Irmãs”, de cujo ventre promana a grande maioria das famílias sobralenses. Tanto os Bezerra de Menezes do Jaguaribe, do Cariri, quanto os de Sobral, descendem de Bento Rodrigues Bezerra e Petronilha Velho de Menezes, donde o patronímico BEZERRA DE MENEZES DO CEARÁ, ele natural de Pernambuco, ela da Bahia. Pelo que pude observar na Nobiliarquia Pernambucana de Antônio José Victoriano Borges da Fonseca, Bento descende de Antônio Bezerra Felpa de Barbuda, natural de Ponte de Lima, casado com Maria de Araújo, os quais vieram para a Capitania de Pernambuco com o seu primeiro donatário, Duarte Coelho Pereira e sua mulher, D. Brites de Albuquerque, irmã de Jerônimo de Albuquerque. De conformidade com Borges da Fonseca deste matrimônio nasceu Domingos Bezerra Felpa de Barbuda que casou com Brasia Monteiro, integrantes, segundo a mesma fonte, das famílias mais importantes e ricas da novel Capitania, que vão se unir às dos Albuquerques, Cavalcantis, Holandas, Wanderley (Barão de Cotegipe), Montenegro, Aguiar, Medina, Bandeira de Melo, Castro e Silva e tantas outras, como os Mendes de Gois e Vasconcelos, por intermédio dos quais tenho a subida honra de também pertencer.