DISCURSO DO PROFESSOR
ADEMAR MENDES BEZERRA POR OCASIÃO DE SEU INGRESSO NA ACADEMIA CEARENSE DE
RETÓRICA. 10.06.2016.
Digníssimas Autoridades Civis, Militares e Eclesiásticas -
Senhoras e Senhores que integram este Silogeu e demais confrades de nossas
Academias - Senhoras e Senhores Magistrados (as) e Membros do Ministério
Público - Senhoras e Senhores Advogados e integrantes da Defensoria Pública - Meus
Familiares: Angélica, Ademar JR, Paulinha e os menininhos Victor e Hugo, Flávia
Regina e Mateus, pais do meu netinho Bernardo; não podendo olvidar a
primogênita – Valéria e Rodrigo, cujo casal nos brindou com as meninas Mariana
e Maria Clara, ambas nascidas em Belo Horizonte.
Distinta Assistência.
Excelentíssimo
Senhor Doutor Maurício Cabral Benevides, DD Presidente da Academia Cearense de
Retórica, fundada em 17 de abril de 1979, a qual vem de completar neste ano da
Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o trigésimo sétimo aniversário de profícua
existência, tendo como Primeiro Presidente o saudoso Jurista, Doutor Itamar
Santiago Espíndola (31.05.1979 a 31.01.1983) – Dr. Maurício Benevides
(01.04.1983 a 31.07.1985). A partir de (01.08.1985 a 31.01.1994), esta Academia
foi dirigida pelo saudoso Dr. Osmundo Pontes, nascido em Massapê e ilustre
Magistrado Trabalhista. O conspícuo esculápio Dr. Maurício Cabral Benevides
tornou a dirigir este Sodalício desde 01.02.1994 até os nossos dias, donde o
respeito e o apreço que desfruta de seus companheiros e Servidores desta
Academia além de amante da Música Popular e Erudita.
Excelentíssimo Senhor
Doutor Carlos Mauro Cabral Benevides que, além de ter feito a minha indicação
para esta quase quarentenária Academia, me brindou com a sua eloqüente
retórica, já conhecida aqui e alhures, o qual a meu sentir, sem menoscabo dos
demais, foi até agora o mais brilhante político cearense na esfera Legislativa,
haja vista a sua carreira parlamentar: Vereador à Câmara Municipal de
Fortaleza; Deputado Estadual várias vezes e Presidente de nossa Assembléia
Legislativa; Senador da República e Presidente do Congresso Nacional, vindo
nessa qualidade ocupar a Presidência da República interinamente e mais tarde
brilhante Deputado Federal, e não raras vezes indicado para representar a
Presidência da Câmara dos Deputados, o que aconteceu para gáudio do nosso TRE,
por ocasião dos oitenta anos da Justiça Eleitoral, da qual participei na
qualidade de Presidente do colendo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, por
sinal muito concorrida, contando com a presença do Cardeal Emérito de Brasília
Dom José Freire Falcão, nascido no município de Ererê no Ceará, na Região
Jaguaribana, hoje com mais de noventa anos. O Deputado Mauro Benevides foi
Presidente do Banco do Nordeste do Brasil nos anos de 1985-1986 e Diretor do
BANESPA. A Assembléia Legislativa do Ceará homenageou o Deputado Mauro
Benevides, de cuja Instituição foi Presidente, pelos sessenta anos de profícua
atividade na Política do Ceará e por que não dizer do Brasil, precisamente no
dia 19.05.2016, contando com as figuras mais representativas, quer da cidade de
Fortaleza quanto do Estado do Ceará.
Mui digna e
conspícua Assistência.
Antes de adentrar o
discurso propriamente dito, não posso deixar de reverenciar, quer como
Católico, quer como Professor da UVA e da URCA, quanto da Centenária Faculdade
de Direito, seja na qualidade de líder estudantil, e anos depois como Professor
durante mais de um quarto de século, e integrante do Centro Estudantal
Sobralense, e também da UFC, representando o Corpo discente no Conselho
Departamental e Vice-Presidente do Diretório da Faculdade de Filosofia da
Princesa do Norte, da qual fui o orador da Turma e aluno da FAFICE, sem
falar na Câmara JR de Sobral, filiada à JUNIOR CHAMBER INTERNATIONAL – JCI, de
cuja Instituição fui Diretor e mais tarde Presidente, na heráldica
cidade de Sobral, da qual D. José Tupinambá da Frota foi figura pinacular,
razão pela qual chamo à colação o Patrono desta Cadeira, D Manuel da Silva
Gomes e o seu primeiro titular, o saudoso Monsenhor André Viana Camurça.
Dom Manoel da Silva
Gomes nasceu na notável e auspiciosa cidade de São Salvador, Capital da
então Província da Bahia de Todos os Santos, no dia 14 de março 1874, sob o
Império do Brasil, tendo como Monarca Dom Pedro II.
Ingressou no
Seminário Diocesano de sua terra natal, ainda muito jovem, obtendo o
prebisterato na Capital do Estado no dia 15 de novembro de 1896, precisamente
aos 22 anos de idade.
De conformidade com os seus biógrafos foi
agraciado com o título de Cônego do Cabido da Bahia, entre outras razões,
graças à sua notável oratória. Com a transferência de D. Manuel Antônio de
Oliveira Lopes para a Diocese de Maceió, D. Manuel Gomes o substituiu como Bispo-Auxiliar
de D. Joaquim José Vieira, da Diocese do Ceará, precisamente no dia 11 de abril
de 1911, tendo sido nomeado Bispo - Titular de Mopsuéstia, cuja cidade fica nas
imediações de Antioquia, de há muito incorporada pela Turquia, juntamente com
D. Miguel de Lima Valverde, depois Arcebispo de Olinda e Recife, onde recebeu a
ordenação episcopal das mãos de Dom Jerônimo Thomé da Silva e primaz do Brasil,
este nascido na cidade de Sobral, o qual se doutorou “em Filosofia (1869) e em
Teologia (1873) pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma”, tendo também
nesta urbe se ordenado sacerdote.
D. Manuel
assumiu a Diocese do Ceará, em decorrência da renúncia de Dom Joaquim, no dia 8
de dezembro de 1912, data consagrada a Nossa Senhora da Conceição. Logo nos
primeiros anos de seu episcopado, deparou-se com a seca de 1915, sendo forçado
a peregrinar até o Sul do País, a fim de buscar auxílio, dos Poderes Públicos,
e de seus colegas Bispos, máxime das Dioceses mais abastadas. Esta catástrofe
foi descrita pela novel escritora cearense Rachel de Queiroz na Fazenda “Meu
Cantinho”, localizada na então cidade de Campo Maior de Quixeramobim. (Obra
pinacular da jovem escritora cearense, no notável romance “O Quinze”,
repita-se, talvez a sua obra prima.
Dom Manuel ao tempo do Sumo
Pontífice Bento XV obteve a criação das Dioceses do Crato e de Sobral,
respectivamente, a 20 de outubro de 1914 e 10 de novembro de 1915, as quais
tiveram como Pastores D. Quintino Rodrigues de Oliveira Silva, nascido em
Quixeramobim, a 31 outubro de 1863 e D. José Tupinambá da Frota, natural de
Sobral a 10 de setembro de 1882 e mais tarde a Diocese de Limoeiro do Norte, na
data de 07.05.1938, tendo como primeiro bispo, Dom Aureliano Matos, o qual foi
por ele consagrado. Com a instalação das primeiras dioceses já referidas pelo
Papa Bento XV, o Estado do Ceará foi elevado à categoria de Arquidiocese
Metropolitana e D. Manuel da Silva Gomes, o primeiro Arcebispo de Fortaleza de
Nossa Senhora da Assunção, precisamente na data de dez de novembro de 1915. Aos
dezesseis dias do mês de março de 1923, em regozijo dos serviços prestados à
Igreja, Sua Santidade o Papa Pio XI houve por bem nomeá-lo assistente ao sólio
pontifício e lhe outorgou o título de Conde.
Dom Manuel da Silva
Gomes, a meu sentir, não foi apenas um Bispo voltado exclusivamente para a
Igreja Católica em si - a bem da verdade se houve como um extraordinário
governante de seu Arcebispado, haja vista as suas inúmeras realizações
objetivando sempre o engrandecimento econômico e cultural de sua Arquidiocese,
quanto de seu povo, em sua grande maioria muito pobre, senão vejamos:
Fundou o Círculo de
Operários Católicos. Criou o Colégio Cearense, no mês de janeiro de 1913, tendo
como colaboradores os Padres Misael Gomes, Climério Chaves e José Quinderé
(Mons. Quinderé), cuja Instituição de Ensino foi reconhecida como uma das
melhores Escolas do Ceará e qualificada “como uma das mais belas páginas do
ensino particular de Fortaleza”. D. Manuel convocou os Irmãos Maristas a fim de
dirigirem o primeiro estabelecimento de rapazes nesta Capital, tendo sido
“registrado em seus arquivos a passagem de nomes que fizeram história na vida
pública, econômica e social do Estado do Ceará” e da política. Lamentavelmente
extinto, no dia 31.12.2007, com quase cem anos de profícua existência, deixando
saudade à nossa juventude. (Apud “O MARISTA, POSTADO no “fortalezanobre.com.br” Colégio Cearense Sagrado
Coração – O Marista), datado de 24.03.2010.
Convocou para a sua
Diocese inúmeros Institutos religiosos sediados em nossa Capital, a saber:
Jesuítas, Franciscanos, Salesianos, Sacramentinos, Irmãs do bom Pastor,
Dorotéias, Carmelitas, Ordem Terceira dos Capuchinhos, Filhas de Santana, Irmãs
do Amparo, Ursulinas, Missionárias de Jesus Crucificado, sem falar na fundação
do Jornal “O Nordeste”, não se podendo olvidar também a criação de um
estabelecimento bancário, denominado de Banco Popular de Fortaleza, tendo
iniciado a construção da nova Catedral, com a pedra fundamental aposta no dia
15 de agosto de 1938, sendo demolidas duas Igrejas muito antigas uma edificada
no Século XVIII e a outra no Século XIX, a fim de evitar um desastre em
decorrência de desabamento do teto e das paredes. (Publicada no sítio da www.arquidiocesedefortaleza.org.br) e
também pela Wikipédia.
Em razão de seu
estado de saúde, houve por bem renunciar à chefia da Arquidiocese em 1941, para
residir na sua cidade natal, ou seja, Salvador. Em 1943 resolveu tornar a
residir nesta Cidade de Fortaleza, na Avenida do Imperador.
Dois anos após do seu
retorno a esta Capital que tanto amou, ou seja, em 1945, foi acometido de tenaz
enfermidade que o prostrou no leito durante cinco anos, tendo Nosso Senhor
Jesus Cristo o chamado para a Corte Celeste, no dia 14 de março de 1950,
justamente na data em que ele completava setenta e seis anos, tendo sido
sepultado na Catedral Metropolitana, com Pompa fúnebre, deveras concorrido, daí
o respeito e admiração que a população de Fortaleza o devotava, sem que se
possa esquecer as demais Paróquias da Capital quanto do Interior. (Apud arquivo
Diocesano).
O Monsenhor André
Viana Camurça veio ao mundo nesta cidade de Fortaleza precisamente no
dia 11 de abril de 1913, filho do casal José de Araújo Camurça e Lídia Viana
Camurça, a qual era deveras devotada à Eucaristia, e à “Santíssima Virgem
Maria”, onde influenciou na decisão de sua vocação, além do seu padrinho de
crisma, Monsenhor José Barbosa Magalhães, e o seu diretor espiritual Padre
Josefino Cabral”. Mons. Camurça foi batizado e recebeu a sua primeira comunhão,
respectivamente, nos dias 03.05.1914 e 31.05.1923, na então Igreja do
Coração de Jesus, este último sacramento oficiado pelo Cônego Climério Chaves,
em cujo local foi erguida uma outra, em decorrência do desabamento da primeira,
na mesma Praça, onde dias antes fora realizado um concerto sob a regência do
notável e saudoso Maestro Eleazar de Carvalho. (Este nascido em Iguatu no
Ceará, além de ter sido Professor do Maestro Zubin
Mehta).
Fez o curso primário na
casa paterna e também na Escola da Professora Araci Franklin, assim como na de
Dona Odete Nascimento, quanto no Colégio Cearense, do Sagrado Coração de Jesus,
tendo cursado o ginasial no Colégio Castelo e também no Seminário Diocesano da
Prainha.
Teve a oportunidade de
participar de diversos cursos, a saber: TWY e Relações Humanas pelo CEPRON;
Técnico de Supervisão pelo CETRECE; Teologia do Desenvolvimento através do
Instituto Bronklings, em Washington, nos Estado Unidos; Administração Escolar
na Universidade de San Diego na Califórnia e por último o Curso de
Administração Hospitalar na Associação dos Hospitais do Ceará – AHECE.
Visitou inúmeros países
da Europa, bem como da América e da Ásia. Dentre esses, podemos destacar a
Alemanha, Argentina, Áustria, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos da
América, França, Finlândia, China, Inglaterra, Itália, Israel, Mônaco,
Paraguai, Porto Rico e também Portugal.
Ordenou-se sacerdote no
Seminário da Prainha, precisamente no dia 08.12.1935, data da Imaculada
Conceição, pelas sábias palavras consacratórias do Primeiro Arcebispo de
Fortaleza, Dom Manoel da Silva Gomes, do qual Mantinha como uma de suas
virtudes o seu ensinamento: “Ninguém pode ser um bom padre, sem amor à
Eucaristia e à Maria Santíssima”.
O seu primeiro
vicariato se deu na Paróquia de Maranguape em 1936. Pouco tempo depois, ocupou
o cargo de auxiliar da Secretaria do Arcebispado, quanto do Curato do Mucuripe
nos anos de 1937-1938, além de Capelão do Ginásio de N S de Lourdes (1939)
tendo sido Secretário do Arcebispo nos anos de 1939 a 1960, exercendo a
função de Pró-Vigário Geral, durante os exercícios de 1961 a 1973, além de
tantas outras atividades, entre as quais a direção do jornal católico “O
Nordeste” no ano de 1962 e diversas outras relevantes funções, inclusive como
exímio Professor nas Escolas Católicas, no Liceu do Ceará e na Escola Normal
(Justiniano de Serpa), sem falar na Promotoria da Justiça do Tribunal
Eclesiástico da Arquidiocese de Fortaleza, Diretor do Hospital Cura D’Ars,
Secretário de Educação do nosso Estado, sócio efetivo da Associação Cearense de
Imprensa, Cons. da CNEC e Conselheiro de Honra da Academia de Hagiologia, tendo
recebido as seguintes condecorações: Medalha da Abolição - Medalha Justiniano
de Serpa - Medalha do Educador – Medalha Gonçalves Dias – Medalha do
Pacificador – Medalha Torre de Davi – Medalha Honra ao Mérito da CNEC; Placas
Amigo dos Capitães da Policia Militar do Ceará e Amigo da Polícia Militar do
Ceará e o Troféu Sereia de Ouro do Sistema Verdes Mares (2007), onde são
agraciados os cearenses que se destacaram no Brasil e no Exterior e último
titular desta Academia Cearense de Retórica, da qual estou sendo investido à
unanimidade pelos preclaros e conspícuos Acadêmicos.
O Monsenhor André Viana
Camurça faleceu da vida presente de doença que Deus lhe deu, no dia 17 de
fevereiro de 2013, nesta Capital, em decorrência de falência múltipla de
órgãos, aos 98 anos de idade, sendo até então o sacerdote mais idoso desta
Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Todos os jornais, Rádios e televisão e
repórteres de nossa Capital publicaram o infausto acontecimento, daí se podendo
aquilatar o prestígio de que desfrutava o pranteado extinto, seja na Capital
Alencarina, assim como nas Paróquias de Fortaleza, quanto das adjacentes,
inclusive no Jornalzinho da Igreja de Santo Afonso, também chamada de Igreja
Redonda, na Parquelândia.
Senhoras e Senhores
integrantes desta notável Academia Cearense de Retórica. Uma vez prestadas as
homenagens ao Patrono desta Cadeira, ou seja, de Dom Manuel da Silva Gomes,
quanto do seu primeiro ocupante, Monsenhor André Viana Camurça, ambos notáveis
figuras da Arquidiocese de Fortaleza, além de ilustrados Rhetores, hei
por bem falar resumidamente da Retórica, no seu nascedouro, ou seja na Grécia,
incorporada muito tempo depois com júbilo pelos notáveis de Roma.
Desde a Grécia antiga
e mais tarde em Roma, a Retórica foi reconhecida como a arte de falar em
público, cumprindo destacar entre os amantes da oratória, figuras
notabilíssimas, a exemplo de Aristóteles, Platão, Demóstenes, Cícero,
Quintiliano e tanto outros, com o propósito de informar, de influenciar, além
de entreter os ouvintes, daí o prestígio dos oradores, seja da antiguidade,
seja da Roma Cristã, a partir do inolvidável Apóstolo Paulo, notável orador,
haja vista as suas extraordinárias epístolas, sem que possamos afastar os
demais oradores cristãos, do oriente, do ocidente e, entre nós, o Padre Antônio
Vieira, exímio orador, que nos legou os seus brilhantes Sermões, o qual esteve
em Viçosa do Ceará, onde rezou
missa.
Voltando a falar de
tantos outros brilhantes Sacerdotes, incluindo-se os grandes tribunos da Reforma,
o que vem acontecendo em nossos dias, haja vista a Igreja Anglicana, os
Pastores Norte Americanos, bem assim da Europa, quanto da América do Sul,
particularmente no Brasil - muito deles integrantes do Congresso Nacional,
quanto das Assembléias Legislativas e obviamente das Câmaras Municipais.
Já li há muito tempo
que São Paulo, o mais notável dos apóstolos de Jesus Cristo, a meu sentir,
teria conseguido convencer São Pedro de ir para Roma, sob pena da novel Igreja
de Jesus Cristo ser mais uma seita
judaica.
A Retórica, na lúcida visão
do preclaro e conspícuo Professor Antônio Casparetto Júnior, é a arte ou a
“técnica de uso da linguagem para se expressar bem e persuasivamente”.
Consoante o autor sob comento, a retórica teria nascido no século V aC,
precisamente na Sicília e mais tarde introduzida em Atenas por intermédio do
sofista Gorgias. O autor em alusão observa que a arte de falar passou a
ter muito prestígio quer entre os políticos, quer nos meios judiciais,
inclusive nas audiências pertinentes aos mais variados assuntos, assim como nas
mais diversas questões, inclusive nas de natureza particular.
De acordo com a mesma fonte, “foram os
sofistas que fizeram o primeiro estudo de que se tem registro sobre o poder da
linguagem, considerando sua capacidade de persuasão”. (Idem, ibidem -
Enciclopédia Wikipedia.
Aristóteles escreveu
“um livro no qual sistematizava o estudo da Retórica e a definia como
importante elemento para a Filosofia. Colocava a Retórica no mesmo patamar da
lógica e da dialética”. (Idem, ibidem). De conformidade com a mesma fonte, onde
se tratou da Retórica versus oratória, observou o autor em tela, que “após a
ascensão romana, a oratória se tornou a tradução latina da Retórica. Com o
tempo a formulação grega ganhou complexidade. Aristóteles escreveu um livro no
qual sistematizava o estudo da Retórica e a definia como importante elemento
para a Filosofia. Para o filósofo sob comento, a Retórica estava no mesmo
patamar da lógica quanto da dialética.
Empédocles 444 antes
de Cristo foi o primeiro filósofo a sistematizar o estudo da linguagem,
aplicando a persuasão advinda de seu saber, cujas teorias serviram de base ao
conhecimento humano, as quais iriam ajudar o caminho dos teorizadores da
retórica. De conformidade com o Professor Casparetto “ O primeiro livro de
retórica escrito é comumente atribuído a Corax e seu pupilo Tísias.” A sua
obra, bem como as de diversos retóricos da antiguidade, surgiram das tribunas
jurídicas; Tísias, por exemplo, é tido como autor de diversas defesas jurídicas
realizadas por outras personalidades gregas (uma das funções primárias de um
sofista). De conformidade com o Prof. sob comento, os que mais se
notabilizaram e cognominados de Sofistas, foram Protágoras, Górgias e
Isócrates, os quais viveram respectivamente, nos anos de 481-420; 483-376 e
436-338 antes de Cristo.
Conforme a opinião do
insigne Professor Marcos Alfredo Corrêa, no artigo por ele denominado de A
EDUCAÇÃO NA GRÉCIA ANTIGA, foram os gregos que criaram na antiguidade clássica
“as primeiras teorias educacionais”, cumprindo observar que a cultura e o lugar
ocupado pelo cidadão na sociedade, “reflete-se no ensino e nas próprias
teorias”.
Paidéia, no grego
antigo, tratava do sistema de educação e formação ética da Grécia antiga
incluindo-se nesta forma de saber, diversas disciplinas, entre as quais:
ginástica, gramática, retórica, música, matemática, geografia, história natural
e filosofia, com o propósito de formar um cidadão perfeito. O autor em alusão
observa que esse conceito veio à tona ainda “nos tempos homéricos e permaneceu
em sua essência inalterado ao longo dos séculos“. O autor em epígrafe lembra
que a partir do surgimento do cristianismo, os primeiros Padres da Igreja
Católica acolheram esses métodos educacionais, adaptando-os à Igreja de Cristo,
“colocando a teologia como base da educação cristã”. (Idem, ibidem).
Com o passar dos séculos, o estudo da
Retórica possibilitou a formação, tanto dos oradores, quanto dos
escritores, “os quais foram capazes de fazer crer na mensagem que desejavam
transmitir suportando-se através do logos, do pathos e do ethos. Logos, que
inicialmente significava o Verbo, ganhou com os gregos a significação de razão.
Pathos é uma palavra grega que denomina a paixão. E Ethos tem origem na palavra
ética e representa o caráter do interlocutor.” (Idem, ibidem).
Segundo a mesma fonte,
a Retórica se utilizou das mais diversas ferramentas buscando a validação “da
linguagem no que se refere a alcançar seus objetivos”. Em assim sendo, a
preparação, quanto da “elaboração do discurso está envolta pela invenção, pela
organização do conteúdo, pela expressão adequada, pela memorização e
declamação”, ressaltando-se que a oralidade, bem assim a escrita, “não são as
únicas vias de expressão da Retórica, ela também está presente quer na música,
quanto na pintura e na publicidade, por exemplo”, sem se descurar que deve
haver uma consonância quer de voz e também de gestos com o conteúdo do
discurso.(Apud http://www.persuasao.com/).http://afilosofia.no.sapo.pt/11filosret.htm).
Ao mesmo tempo que é uma arte, a Retórica é também uma
Ciência, pois fornece métodos para elaborar um discurso estruturado.
Inicialmente, dedicava-se do discurso falado. Com o tempo, foi aplicada à
linguagem escrita. É chamada, atualmente, de estilística aplicada aos textos
literários. “Mas a oralidade e a escrita não são as únicas vias de expressão da
Retórica, ela também está presente na música, na pintura e na publicidade, por
exemplo.” Idem, ibidem.
Demóstenes, considerado o maior de todos os retóricos, nasceu na
Grécia no ano de 384 antes de Cristo e faleceu em 322 a.C. Não obstante gago,
venceu a doença treinando diuturnamente à beira mar, colocando pedrinhas
debaixo da língua com o propósito firme e deliberado de afastar o seu
infortúnio e por força de sua perseverança se tornou, segundo os seus
biógrafos, o mais brilhante dentre os retóricos de seu tempo. (Extraído da
Biografia constante da Enciclopédia Wikipédia).
Ainda criança perdeu o pai, além da maior parte de sua herança,
vítima de seus tutores. Buscou a Justiça e conseguiu reaver parcela
considerável de sua fortuna. Teve como paradigma um dos grandes mestres da
Retórica de nome Calístrato, o qual, não obstante defender uma causa deveras
difícil, acabou obtendo êxito, donde, repita-se, o entusiasmo do futuro e
prodigioso orador.
Segundo os seus biógrafos, de ontem e de hoje, Demóstenes
não foi tão-só um notável político, como também um extraordinário orador,
justamente na Defesa de Atenas, cuja cidade Estado via-se diuturnamente
ameaçada pelos exércitos de Filipe II da Macedônia, daí os inúmeros discursos
denominados de Filípicas, os quais objetivavam “conclamar os cidadãos
atenienses e arregimentar forças contra a Macedônia antes que fosse tarde
demais”. (Idem, Ibidem).
No ano de 338 a.C Demóstenes esteve presente na batalha de
Queronéia e lastimavelmente Atenas foi derrotada pelos exércitos da Macedônia,
marcando o início do domínio de Filipe e mais tarde de Alexandre, o Grande
sobre a Grécia. No ano 335 a.C, “Demóstenes vê decair tanto sua reputação
quanto a sua influência. Chegou mesmo a ser condenado por ter se deixado
comprar por um ministro de Alexandre e facilitar sua fuga de Atenas. Foi preso
mas acabou por conseguir fugir, exilando-se da sua gloriosa Atenas por longo
período.
Depois da morte de Alexandre da Macedônia, em 323 antes de Cristo,
“Demóstenes é chamado de volta e, como era natural, retoma suas atividades.
Alia-se, então, à revolta contra Antípatro. Tendo falhado tal revolta,
Antípatro exige a entrega dos chefes revoltosos. Demóstenes foge para o templo
de Poseidon na ilha grega de Caláuria. Quando percebe que está cercado pelos
soldados do seu desafeto, optou por praticar o suicídio.
Marco Túlio Cícero nasceu no dia 13 de janeiro do ano 106 a.C em
Arpino na Itália e morreu assassinado a 7 de dezembro de 43 antes da era
cristã, na cidade de Formia. Recebeu de seu pai segundo os seus biógrafos,
esmerada educação, tendo como Mestres os maiores oradores e jurisconsultos de
sua época, daí a sua formação de Estadista, orador e filósofo romano.
(Biografia extraída da Uol Educação, via internet).
Conforme a mesma fonte, o seu primeiro triunfo ocorreu no Fórum de
Roma, no ano 80 a.C, ao defender Sextio Róscio Amerino, justamente num processo
que teve notável importância política. O fato de ter conseguido a absolvição do
réu o fez inimigo do ditador Sila. Esta vitória acabou obrigando Cícero a ir
para a Grécia, obviamente a fim de escapar da vingança do seu desafeto, onde
teve a oportunidade de se dedicar ao estudo da filosofia. Retornando a Roma já
depois da morte de Sila, foi recebido por seus amigos e simpatizantes, tendo
granjeado junto à Sociedade romana grande prestígio.
Precisamente no ano 76 antes da era Cristã foi eleito questor, a
fim de servir na Sicília, “fazendo-se respeitar pelo povo como um administrador
justo. Sua reputação cresceu em 70 a.C., com a acusação ao ex-governador da
Sicília, Caio Licínio Verres, por extorsões. Pouco tempo depois foi eleito edil
(69 a.C.) e pretor (66 a.C.).”
Na qualidade de pretor, Cícero pronunciou o seu primeiro discurso
político e houve por bem reivindicar para o seu amigo Pompeu, justamente o
comando das tropas romanas, contando com o apoio dos "optimates",
vale dizer “elementos conservadores do Senado”. Em 63 a.C foi eleito cônsul,
obtendo duas importantes vitórias, a saber: defende exitosamente “o
senador Caio Rabírio contra a acusação de traição lançada por Júlio César, e denuncia a conspiração
do anarquista Catilina, pronunciando as quatro célebres Catilinárias.”
“Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? (01) Quam
diu etiam furor iste tuus eludet?(02) Quem ad finem sese effrenata iactabit
audacia? (03) - (01) Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?
(02) Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós? (03)A que extremos se
há de precipitar a tua desenfreada audácia”.
Mesmo sabendo que Caio Júlio César não concordaria com a morte dos
conspiradores sem julgamento, obteve aprovação. A ameaça de Catilina havia
unido todos os conservadores, e Cícero, no auge da sua carreira, aclamado como
salvador da república, pretende estabelecer a política do "acordo entre as
classes". (Idem, ibidem).
Cícero, com o propósito de fustigar César, “necessitava de forte
apoio político e pensou encontrá-lo na pessoa de Pompeu”, todavia este já fora
convidado para participar do primeiro triunvirato, composto por César, Crasso e
o próprio, uma vez permitida a eleição de Clódio, inimigo político de Cícero
para o tribunato, ameaçado por Clódio, que substituíu Júlio César em Roma
durante a guerra na Gália, Cícero tratou de exilar-se.
Um ano de exílio, pouco mais ou menos, Cícero, retorna à Cidade de
Roma, sendo avisado para não criar problemas, tendo evitado compromissos
políticos, dedicando-se à literatura. “O assassinato de Clódio deu-lhe
oportunidade de defender o criminoso, mas, “tendo que se submeter às novas
regras processuais, não conseguiu ler o elaborado discurso que havia preparado,
o que provocou a condenação do réu Milone.”
No ano seguinte, Cícero foi designado como pro cônsul, para o
governo da Cilícia. Ao regressar, no final do ano 50 a.C., encontra Roma
mergulhada na guerra civil entre as tropas de Pompeu e César. Ligado ao
primeiro, abandonou-o, contudo, após a derrota de Farsália, mas, tornando-se
suspeito tanto aos olhos dos vencidos como aos dos vencedores, teve de esperar
pelo perdão de César para voltar a Roma.
Para se entender a organização do governo em Roma, creio ser de
fundamental importância a leitura de um interessante texto, escrito pelo
historiador grego Políbio, o qual foi testemunha ocular da vida na
república romana.
“Cícero teve um caráter indeciso, além de exagerada vaidade, e
cometeu numerosos erros políticos. Sempre subestimou seus oponentes e exagerou
as virtudes dos amigos. Parecia não compreender a debilidade fundamental da
administração da república romana: ausência de mecanismos asseguradores da lei
e da ordem e o controle dos exércitos. Mas sua honestidade, patriotismo e dons
intelectuais são realmente incontestáveis. De temperamento moderado e oportunista,
soube mostrar grande energia ao debelar a conspiração de Catilina e opor-se a
Marco Antônio, já no final de sua vida.”
Filósofo de indiscutível intelectualidade e de não menos grandeza.
Obrigado a aceitar os anos de ócio forçado pela ditadura, produziu verdadeira
biblioteca de escritos filosóficos. Como filósofo, Cícero foi eclético,
divulgador do pensamento grego. A ele, dizem os seus biógrafos, devemos o
conhecimento de muitas doutrinas que, de outro modo, estariam perdidas. Dotou,
primeiro Roma, depois a Europa, de um vocabulário filosófico. Conceitos como
"qualidade", "individual", "indução",
"elemento", "definição", "noção",
"infinidade", etc... foram por ele introduzidos na língua latina.
A maior parte de seus trabalhos filosóficos foi escrita entre os
anos 45 e 44 antes de Cristo. Anteriores a essa data são: "Sobre a
república" e "Sobre as leis", em que tenta interpretar a
história romana em termos da teoria política grega. Outras obras são:
"Sobre a consolação" e "Sobre os objetivos da ética",
exposição e refutação do epicurismo e do estoicismo; "Discussões em
Túsculo", diálogos sobre a dor, a morte e a virtude; "Sobre a
natureza dos deuses", "Catão o velho ou sobre a velhice",
"Sobre a adivinhação", "Sobre a amizade" e "Sobre
Otávio, no entanto, vencedor na guerra, constitui com Marco Antônio e Lépido o
segundo triunvirato. Seguem-se as execuções dos oposicionistas, e Cícero é um
dos primeiros a ser morto, justamente em dezembro de 43. Sua cabeça e suas mãos
foram decepadas e em seguida expostas ao povo nas tribunas dos oradores no
fórum romano.
Representante da latinidade clássica, Cícero teve através dos
séculos uma influência enorme. Na Idade Média - e até o século XVIII - os
homens verdadeiramente cultos da Europa inteira falaram e escreveram a língua
de Marco Túlio Cícero, que, quando não precisa de efeitos retumbantes - como
nas cartas particulares tem estilo elegante e coloquial.
Sob a égide de Cícero criou-se o tipo do "homem de
letras": sob esse aspecto, sua inconstância política é a do intelectual,
inconformado com a disciplina partidária e por isso sempre alvo de apreciações
divergentes. Algumas de suas obras nos deram grande parte do atual conhecimento
da filosofia grega, enquanto outras influenciaram profundamente a ética cristã
e a moral leiga moderna, pela sua compreensiva sabedoria humana. Não foi sem
razão o elogio de Federico Engels:
“O povo grego contribuiu de tal forma para a grandeza do Mundo
Ocidental, que outro jamais poderá pretender o seu lugar na
História”.
O notável filósofo e escritor grego Plutarco, escreveu uma
instigante biografia sobre Marco Túlio Cícero, cujo historiador certamente o
incluiu entre os seus Varões.
Resta-me agora agradecer o
comparecimento dos meus familiares, dos notáveis integrantes desta Academia
Cearense de Retórica, quanto das demais congêneres, bem como dos meus diletos
amigos, de ontem, de hoje e de sempre.
Muito obrigado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário