quinta-feira, 28 de julho de 2016

sexta-feira, 22 de julho de 2016

DISCURSO DO PROFESSOR E MAGISTRADO ADEMAR MENDES BEZERRA POR OCASIÃO DE SEU INGRESSO NA ACADEMIA CEARENSE DE RETÓRICA NO DIA 21.07.2016.
   
Digníssimas Autoridades Civis, Militares e Eclesiásticas - Senhoras e Senhores que integram este Silogeu e demais confrades de nossas Academias - Senhoras e Senhores Magistrados (as) e Membros do Ministério Público - Senhoras e Senhores Advogados e integrantes da Defensoria Pública - Meus Familiares: Angélica, Ademar JR, Paulinha e os menininhos Victor e Hugo; Flávia Regina e Mateus, pais do meu netinho Bernardo; não podendo olvidar a primogênita – Valéria e Rodrigo, cujo casal nos brindou com as meninas Mariana e Maria Clara, ambas nascidas em Belo Horizonte.
                     
Distinta Assistência.

Excelentíssimo Senhor Doutor Maurício Cabral Benevides, DD. Presidente da Academia Cearense de Retórica, fundada em 17 de abril de 1979, a qual vem de completar neste ano de 2016, o trigésimo sétimo aniversário de profícua existência, tendo como Primeiro Presidente o saudoso Jurista, Doutor Itamar Santiago Espíndola (31.05.1979 a 31.01.1983) – Dr. Maurício Benevides (01.04.1983 a 31.07.1985). A partir de (01.08.1985 a 31.01.1994), esta Academia foi dirigida pelo saudoso Dr. Osmundo Pontes, nascido na cidade de Massapê e ilustre Magistrado da Justiça Trabalhista da qual foi Presidente. O conspícuo esculápio Dr. Maurício Cabral Benevides tornou a dirigir este Sodalício desde 01.02.1994 até os nossos dias, donde o respeito e o apreço que desfruta de seus companheiros e Servidores desta Academia e amante da Música Popular e Erudita.

Excelentíssimo Senhor Doutor Carlos Mauro Cabral Benevides que além de  ter feito a minha indicação para esta quase quarentenária Academia, houve por bem de brindar-me com a sua eloqüente retórica, já conhecida aqui e alhures, o qual a meu sentir, sem menoscabo dos demais, foi até agora o mais brilhante político cearense na esfera Legislativa, haja vista a sua carreira parlamentar: Vereador à Câmara Municipal de Fortaleza; Deputado Estadual várias vezes e Presidente de nossa Assembléia Legislativa; Senador da República durante dois mandatos e Presidente do Congresso Nacional, vindo nessa qualidade ocupar a Presidência da República interinamente e mais tarde brilhante Deputado Federal, e não raras vezes indicado para representar a Presidência da Câmara dos Deputados, o que aconteceu para gáudio do nosso TRE, por ocasião dos oitenta anos da Justiça Eleitoral, da qual participei na qualidade de Presidente do colendo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, por sinal muito concorrida, contando com a presença do Cardeal Emérito de Brasília Dom José Freire Falcão, nascido no município de Ererê integrante do Ceará, na importante Região Jaguaribana, hoje com mais de noventa anos. O Deputado Mauro Benevides foi Presidente do Banco do Nordeste do Brasil nos anos de 1985-1986 e Diretor do BANESPA.  A Assembléia Legislativa do Ceará homenageou o ínclito Parlamentar Mauro Benevides, de cuja Instituição foi Presidente, pelos sessenta anos de profícua atividade na Política cearense e por que não dizer do Brasil, precisamente no dia 19.05.2016, contando com as figuras mais representativas, quer da cidade de Fortaleza quanto do nosso Ceará e de tantas outras autoridades.  

Mui digna e conspícua Assistência.

Antes de adentrar o discurso propriamente dito, não posso deixar de reverenciar, quer como Católico, quer como Professor da UVA e da URCA, quanto da Centenária Faculdade de Direito, seja na qualidade de líder estudantil, e anos depois como Professor durante mais de um quarto de século, e integrante do Centro Estudantal Sobralense, e também da UFC, representando o Corpo discente no Conselho Departamental e Vice-Presidente do Diretório da Faculdade de Filosofia da Princesa do Norte, além de orador da Turma e aluno da FAFICE, sem falar na Câmara JR de Sobral, filiada à JCI -  CÂMARA JÚNIOR INTERNACIONAL, de cuja Instituição fui Diretor e mais tarde Presidente, na heráldica cidade de Sobral, da qual Dom José Tupinambá da Frota foi sem sombra de dúvidas figura pinacular, razão por que chamo à colação o Patrono desta Cadeira, D. Manuel da Silva Gomes e seu primeiro titular, o saudoso Monsenhor André Viana Camurça.

Dom Manoel da Silva Gomes nasceu na cidade de São Salvador, Capital da então Província da Bahia de Todos os Santos, no dia 14.03.1874, sob o Império do Brasil, tendo como Monarca Dom Pedro II, cognominado por Victor Hugo o Marco Aurélio das Américas.

Ingressou no Seminário Diocesano de sua terra natal, ainda muito jovem, obtendo o prebisterato na Capital do Estado no dia 15.11.1896, aos 22 anos de idade.

De conformidade com os seus biógrafos recebeu o título de Cônego do Cabido da Bahia, entre outras razões, graças à sua notável oratória. Com a transferência de D. Manuel Antônio de Oliveira Lopes para a Diocese de Maceió, D. Manuel Gomes o substituiu como Bispo Auxiliar de D. Joaquim José Vieira, da Diocese do Ceará, precisamente no dia 11 de abril de 1911, tendo sido nomeado Bispo - Titular de Mopsuéstia, cuja cidade fica nas imediações de Antioquia, de há muito incorporada pela Turquia, juntamente com D. Miguel de Lima Valverde, depois Arcebispo de Olinda e Recife, onde recebeu a ordenação episcopal das mãos de D. Jerônimo Thomé da Silva e primaz do Brasil, este nascido em Sobral, o qual se doutorou “em Filosofia (1869) e em Teologia (1873) pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma”, tendo também nesta urbe se ordenado sacerdote.

D. Manuel Gomes assumiu a Diocese do Ceará, por força da renúncia de Dom Joaquim Vieira, no dia oito de dezembro do ano da graça 1912, data consagrada à imaculada Conceição. Logo nos primeiros anos de seu episcopado, deparou-se com a seca de 1915, sendo forçado a peregrinar até o Sul do País, a fim de buscar auxílio dos Poderes Públicos e de seus colegas Bispos, máxime das Dioceses mais abastadas. Esta catástrofe foi descrita pela novel escritora cearense Rachel de Queiroz na Fazenda “Meu Cantinho”, localizada na então cidade de Campo Maior de Quixeramobim. (Obra pinacular da jovem escritora cearense, no romance “O Quinze”, repita-se, talvez a sua obra prima).

Dom Manuel ao tempo do Sumo Pontífice Bento XV obteve a criação das Dioceses do Crato e de Sobral, respectivamente, a 20 de outubro de 1914 e 10 de novembro de 1915, as quais tiveram como Pastores D. Quintino Rodrigues de Oliveira Silva, nascido em Quixeramobim, a 31 de outubro de 1863 e D. José Tupinambá da Frota, natural de Sobral a 10 de setembro de 1882 e mais tarde a Diocese de Limoeiro do Norte, na data de 07.05.1938, tendo como primeiro bispo, Dom Aureliano Matos, o qual foi por ele consagrado. Com a instalação das primeiras dioceses já referidas pelo Papa Bento XV, o Estado do Ceará foi elevado à categoria de Arquidiocese Metropolitana e D. Manuel da Silva Gomes, o primeiro Arcebispo de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, precisamente na data de 10.11.1915. Aos dezesseis dias do mês de março de 1923, em regozijo dos serviços prestados à Igreja, Sua Santidade o Papa Pio XI houve por bem nomeá-lo assistente ao sólio pontifício e lhe outorgou o título de Conde.

Dom Manuel da Silva Gomes, a meu sentir, não foi apenas um Bispo voltado exclusivamente para a Igreja Católica em si - a bem da verdade se houve como um extraordinário governante de seu Arcebispado, haja vista as suas inúmeras realizações objetivando sempre o engrandecimento econômico e cultural de sua Arquidiocese, quanto de seu povo, em sua grande maioria muito pobre, senão vejamos: Fundou o Círculo de Operários Católicos; criou o Colégio Cearense, no mês de janeiro de 1913, tendo como colaboradores os Padres Misael Gomes, Climério Chaves e José Quinderé (Mons. Quinderé), cuja Instituição de Ensino foi reconhecida como uma das melhores Escolas do Ceará e qualificada “como uma das mais belas páginas do ensino particular de Fortaleza”. D. Manuel convocou os Irmãos Maristas a fim de dirigirem o primeiro estabelecimento de rapazes nesta Capital, tendo sido “registrado em seus arquivos a passagem de nomes que fizeram história na vida pública, econômica e social do Estado do Ceará” e da política. Lamentavelmente extinto, no dia 31.12.2007, com quase cem anos de profícua existência, deixando saudade à nossa juventude. (Apud “O MARISTA, POSTADO no “fortalezanobre.com.br” Colégio Cearense Sagrado Coração – O Marista), datado de 24.03.2010.

    Convocou para a sua Diocese inúmeros Institutos religiosos todos sediados em nossa Capital, a saber: Jesuítas, Franciscanos, Salesianos, Sacramentinos, Irmãs do bom Pastor, Dorotéias, Carmelitas, Ordem Terceira dos Capuchinhos, Filhas de Santana, Irmãs do Amparo, Ursulinas, Missionárias de Jesus Crucificado, sem falar na fundação do Jornal “O Nordeste”, não se podendo olvidar também a criação de um estabelecimento bancário, o qual foi denominado de Banco Popular de Fortaleza, tendo iniciado a construção da nova Catedral, com a pedra fundamental lançada no dia 15 de agosto de 1938, sendo demolidas duas Igrejas muito antigas, uma edificada no Século XVIII e a outra no Século XIX, a fim de evitar um desastre em decorrência de desabamento do teto e das paredes. (Publicada no sítio da www.arquidiocesedefortaleza.org.br).


Em razão de seu estado de saúde, houve por bem renunciar à chefia da Arquidiocese em 1941, para residir na sua cidade natal, ou seja, Salvador. Em 1943 resolveu tornar a residir nesta Cidade de Fortaleza, na Avenida do Imperador.

Dois anos após do seu retorno a esta Capital que tanto amou, ou seja, em 1945, foi acometido de tenaz enfermidade que o prostrou no leito durante cinco anos, tendo o Altíssimo o chamado para a Corte Celeste, no dia 14 de março de 1950,  na data em que ele completava setenta e seis anos, tendo sido sepultado na Catedral Metropolitana, com Pompa fúnebre, deveras concorrido, daí o respeito e admiração que a população de Fortaleza o devotava, sem que se possa esquecer as demais Paróquias da Capital quanto do Interior. (Apud arquivo Diocesano).

O Monsenhor André Viana Camurça veio ao mundo nesta cidade de Fortaleza precisamente no dia 11 de abril de 1913, filho do casal José de Araújo Camurça e Lídia Viana Camurça, a qual era deveras devotada à Eucaristia, e à “Santíssima Virgem Maria”, onde influenciou na decisão de sua vocação, além do seu padrinho de crisma, Monsenhor José Barbosa Magalhães, e o seu diretor espiritual Padre Josefino Cabral”. Mons. Camurça foi batizado e recebeu a sua primeira comunhão, respectivamente, nos dias 03.05.1914 e 31.05.1923, na então Igreja do Coração de Jesus, este último sacramento oficiado pelo Cônego Climério Chaves, em cujo local foi erguida uma outra, em decorrência do desabamento da primeira, na mesma Praça, onde dias antes fora realizado um concerto sob a regência do notável e saudoso Maestro Eleazar de Carvalho. (Este nascido em Iguatu no Ceará, além de ter sido Prof. do  M.  Zubin Mehta).
                                      
Fez o curso primário na casa paterna e também na Escola da Professora Araci Franklin, assim como na de Dona Odete Nascimento, quanto no Colégio Cearense do Sagrado Coração de Jesus, tendo concluído o Curso de Humanidades nos estabelecimentos educacionais Castelo e Seminário Diocesano.

Teve a oportunidade de participar de diversos cursos, a saber: TWY e Relações Humanas pelo CEPRON; Técnico de Supervisão pelo CETRECE; Teologia do Desenvolvimento através do Instituto Brookings, em Washington; Administração Escolar na Universidade de San Diego no Estado da Califórnia e por último o Curso de Administração Hospitalar na Associação dos Hospitais do Ceará – AHECE.

Visitou inúmeros países da Europa, bem como das Américas e da Ásia. Dentre esses, podemos destacar a Alemanha, Argentina, Áustria, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Finlândia, China, Inglaterra, Itália, Israel, Mônaco, Paraguai, Porto Rico e também Portugal.

Ordenou-se sacerdote no Seminário da Prainha, nesta Capital, precisamente no dia 08.12.1935, data da Imaculada Conceição, pelas sábias palavras consacratórias do Primeiro Arcebispo de Fortaleza, Dom Manoel da Silva Gomes, do qual Mantinha como uma de suas virtudes o seu ensinamento: “Ninguém pode ser um bom padre, sem amor à Eucaristia e à Maria Santíssima”.

O seu primeiro vicariato se deu na Paróquia de Maranguape em 1936. Pouco tempo depois, ocupou o cargo de auxiliar da Secretaria do Arcebispado, quanto do Curato do Mucuripe nos anos de 1937-1938, além de Capelão do Ginásio de N S de Lourdes (1939) tendo sido Secretário do Arcebispo nos anos de 1939 a 1960, exercendo a função de Pró-Vigário Geral, durante os exercícios de 1961 a 1973, e de tantas outras atividades, entre as quais a direção do jornal católico “O Nordeste” no ano de 1962 e diversas outras relevantes funções, inclusive como exímio Professor nas Escolas Católicas; no Liceu do Ceará e na Escola Normal (Justiniano de Serpa), sem falar na Promotoria da Justiça do Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de Fortaleza; Diretor do Hospital Cura D’Ars, Secretário de Educação do nosso Estado, sócio efetivo da Associação Cearense de Imprensa, Cons. da CNEC e Conselheiro de Honra da Academia de Hagiologia, tendo recebido as seguintes condecorações: Medalhas da Abolição, a mais importante do Estado do CE; Justiniano de Serpa, do Educador, Gonçalves Dias, do Pacificador, Torre de Davi, Honra ao Mérito da CNEC; Placas Amigo dos Capitães da Policia e Amigo da Polícia Militar do Ceará e o Troféu Sereia de Ouro do Sistema Verdes Mares no ano de 2007, onde são agraciados os cearenses que mais se destacaram quer no Brasil, quanto no Exterior e último titular desta  gloriosa Academia Cearense de Retórica, da qual estou sendo investido à unanimidade pelos preclaros e conspícuos Acadêmicos. 

O Monsenhor André Viana Camurça faleceu da vida presente de doença que Deus lhe deu, no dia 17 de fevereiro de 2013, nesta Capital, em decorrência de falência múltipla de órgãos, aos 98 anos de idade, sendo até então o sacerdote mais idoso desta Fortaleza de N S da Assunção. Todos os jornais, Rádios e televisão e repórteres de nossa Capital publicaram o infausto acontecimento, daí se podendo aquilatar o prestígio de que desfrutava o pranteado extinto, seja nesta Capital, quanto nas Paróquias de Fortaleza, como nas adjacentes, inclusive no Jornalzinho da Igreja de S. Afonso, também chamada de Igreja Redonda, no B. da Parquelândia.

    Senhoras e Senhores integrantes da insigne Academia Cearense de Retórica. Uma vez prestadas as homenagens ao Patrono desta Cadeira, ou seja, de Dom Manuel da Silva Gomes, quanto do seu primeiro ocupante, Monsenhor André Viana Camurça, ambos notáveis figuras da Arquidiocese de Fortaleza, além de ilustrados Rhetores, hei por bem falar resumidamente da Retórica, no seu nascedouro, ou seja na Grécia, incorporada muito tempo depois com júbilo pelos notáveis de Roma.

    Desde a Grécia antiga e mais tarde em Roma, a Retórica foi reconhecida como a arte de falar em público, cumprindo destacar entre os amantes da oratória, figuras notabilíssimas, a exemplo de Aristóteles, Platão, Demóstenes, Cícero, Quintiliano e tanto outros, com o propósito de informar, de influenciar, além de entreter os ouvintes, daí o prestígio dos Rhetores, seja da antiguidade, quanto da Roma Cristã, a partir do inolvidável Apóstolo Paulo, notável orador, haja vista as suas extraordinárias epístolas, sem que possamos afastar os demais oradores cristãos, do oriente, do ocidente e, entre nós, o Padre Antônio Vieira, exímio orador, que nos legou as suas brilhantes orações, o qual esteve em Viçosa do Ceará, onde rezou missas e também os seus maravilhosos sermões.                                           
                                                                
Voltando a falar de tantos outros insignes Sacerdotes, entre os quais os grandiosos tribunos da Reforma, o que vem acontecendo também nos nossos dias; haja vista a Igreja Anglicana, os Pastores Norte Americanos e na Europa, quanto na América do Sul, particularmente no Brasil - muitos deles integrantes do Congresso Nacional,  das Assembléias Legislativas e naturalmente das Câmaras Municipais.

Já li há muito tempo que o Apóstolo Paulo, para mim o mais notável dentre os discípulos de Jesus, teria convencido Pedro de ir para Roma, sob pena da novel Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo ser mais uma seita judaica.  A Retórica, na lúcida visão do preclaro e conspícuo Prof. Ant. Casparetto Júnior, é a arte ou a “técnica de uso da linguagem para se expressar bem e persuasivamente”. O Mestre em alusão afirma que a retórica teria nascido no Século V antes de Cristo, precisamente na Sicília e mais tarde introduzida em Atenas por intermédio do sofista Górgias. O autor em epígrafe observa que a arte de falar passou a ter muito prestígio quer entre os políticos, quanto nos meios judiciais, inclusive nas audiências pertinentes aos mais variados assuntos, assim como nas mais diversas questões, inclusive nas de natureza particular.

De acordo com a mesma fonte, “foram os sofistas que fizeram o primeiro estudo de que se tem registro sobre o poder da linguagem, considerando sua capacidade de persuasão”. (Idem, ibidem – Wikipedia).

Aristóteles escreveu “um livro no qual sistematizava o estudo da Retórica e a definia como importante elemento para a Filosofia. Colocava a Retórica no mesmo patamar da lógica e da dialética”. (Idem, ibidem). De conformidade com a mesma fonte, onde se tratou da Retórica versus oratória, observou o autor em tela, que “após a ascensão romana, a oratória se tornou a tradução latina da Retórica. Com o tempo a formulação grega ganhou complexidade. Aristóteles escreveu um livro no qual sistematizava o estudo da Retórica e a definia como importante elemento da Filosofia. Para o preclaro e excelso filósofo em tela, a Retórica estava no mesmo patamar da lógica quanto da dialética.

Empédocles 444 a.C foi o primeiro filósofo a sistematizar o estudo da linguagem, aplicando a persuasão advinda de seu saber, cujas teorias serviram de base ao conhecimento humano, as quais iriam ajudar o caminho dos teorizadores da retórica. Para o dito Professor Casparetto “O primeiro livro de retórica escrito é comumente atribuído a Corax e seu pupilo Tísias.” A sua obra, bem como as de diversos retóricos da antiguidade, surgiram das tribunas jurídicas; Tísias, por exemplo, é tido como autor de diversas defesas jurídicas realizadas por outras personalidades gregas (uma das funções primárias de um sofista).  De conformidade com o Prof. em alusão, os que mais se notabilizaram e cognominados de Sofistas, foram Protágoras, Górgias e Isócrates, os quais viveram respectivamente, nos anos de 481-420; 483-376 e 436-338 antes de Cristo.

Na opinião do insigne Professor Marcos Alfredo Corrêa, no artigo por ele denominado de A EDUCAÇÃO NA GRÉCIA ANTIGA, foram os gregos que criaram na antiguidade clássica “as primeiras teorias educacionais”, cumprindo observar que a cultura e o lugar ocupado pelo cidadão na sociedade, “reflete-se no ensino e nas próprias teorias”.   

Paideia, no grego antigo, tratava do sistema de educação e formação ética da Grécia incluindo-se nesta forma de saber, diversas disciplinas, entre as quais se destacam a ginástica, gramática, retórica, música, matemática, geografia, história natural e filosofia, com o propósito de formar um cidadão perfeito. O autor em alusão observa que esse conceito veio à tona ainda “nos tempos homéricos e permaneceu em sua essência inalterado ao longo dos séculos“. O Mestre em epígrafe lembra que a partir do surgimento do cristianismo, os primeiros Padres da Igreja Católica acolheram esses métodos educacionais, adaptando-os à Igreja de Cristo, “colocando a teologia como base da educação cristã”. (Idem, ibidem).

Com o passar dos séculos, o estudo da Retórica possibilitou a formação, tanto dos oradores, quanto dos escritores, “os quais foram capazes de fazer crer na mensagem que desejavam transmitir suportando-se através do logos, do pathos e do ethos. Logos, que inicialmente significava o Verbo, ganhou com os gregos a significação de razão. Pathos é uma palavra grega que denomina a paixão. E Ethos tem origem na palavra ética e representa o caráter do interlocutor.” (Idem, ibidem).

Segundo a mesma fonte, a Retórica se utilizou das mais diversas ferramentas buscando a validação “da linguagem no que se refere a alcançar seus objetivos”. Em assim sendo, a preparação, quanto da “elaboração do discursoestá envolta pela invenção, pela organização do conteúdo, pela expressão adequada, pela memorização e declamação”, ressaltando-se que a oralidade, bem assim a escrita, “não são as únicas vias de expressão da Retórica, ela se acha presente tanto  na música, quanto na pintura e na publicidade, por exemplo”, sem se descurar que deve haver uma consonância quer de voz e também de gestos com o conteúdo dodiscurso.  Apud http://www.persuasao.com/).http://afilosofia.no.sapo.pt/11filosret.htm).                                                                                                                                             
A Retórica é uma arte e ao mesmo tempo uma Ciência, pois fornece métodos para elaborar umdiscurso estruturado. Inicialmente, dedicava-se do discurso falado. Com o tempo, foi aplicada à linguagem escrita. Esta mudança passou a ser chamada atualmente, de estilística aplicada aos textos literários. “Mas a oralidade e a escrita não são as únicas vias de expressão da Retórica, ela também está presente na música, na pintura e na publicidade, por exemplo.” Idem, ibidem.

      Demóstenes, considerado o maior de todos os retóricos, nasceu na Grécia no ano de 384 a.C e faleceu em 322 a.C. Não obstante gago, venceu a doença treinando diuturnamente à beira mar, colocando pedrinhas debaixo da língua com o propósito firme e deliberado de afastar o seu infortúnio e por força de sua perseverança se tornou, segundo os seus biógrafos, o mais brilhante dentre os retóricos de seu tempo. (Extraído da Biografia constante da Enciclopédia Wikipédia).

    Ainda criança perdeu o pai, além da maior parte de sua herança, vítima de seus ladravazes tutores. Houve por bem buscar a Justiça e conseguiu reaver parcela considerável de sua fortuna. Teve como paradigma um dos grandes mestres da Retórica de nome Calístrato, o qual, não obstante defender uma causa deveras difícil, acabou obtendo êxito, donde, repita-se, o entusiasmo do futuro e prodigioso orador.

      Segundo os seus inúmeros biógrafos quer de ontem, quanto de hoje, Demóstenes não foi tão-só um notável político, como também um extraordinário orador, na Defesa de Atenas, cuja cidade Estado via-se diuturnamente ameaçada pelos exércitos de Filipe II da Macedônia, daí os inúmeros discursos denominados de Filípicas, os quais objetivavam “conclamar os cidadãos atenienses e arregimentar forças contra a Macedônia antes que fosse tarde demais”. (Idem, Ibidem).

      Em 338 antes da era Cristã Demóstenes o mais prodigioso dos Retóricos, esteve presente na batalha de Queronéia e lastimavelmente Atenas foi derrotada pelos exércitos da Macedônia, marcando o início do domínio de Filipe e mais tarde de Alexandre, o Grande sobre a Grécia. No ano 335 a.C, “Demóstenes vê decair tanto sua reputação quanto a sua influência. Chegou mesmo a ser condenado por ter se deixado comprar por um ministro de Alexandre e facilitar sua fuga de Atenas. Foi preso mas acabou por conseguir fugir, exilando-se da sua gloriosa Atenas por longo período.

      Depois da morte de Alexandre da Macedônia, em 323 a.C, “Demóstenes é chamado de volta e, como era natural, retoma suas atividades. Alia-se, então, à revolta contra Antípatro. Tendo falhado tal revolta, Antípatro exige a entrega dos chefes revoltosos. Demóstenes foge para o templo de Poseidon na ilha grega de Caláuria. Quando percebe que está cercado pelos soldados do seu desafeto, optou por praticar o suicídio.


      Marco Túlio Cícero nasceu no dia 13 de janeiro do ano 106 a.C em Arpino na Itália e morreu assassinado a 7 de dezembro de 43 a.C, na cidade de Formia. Recebeu de seu pai segundo os seus biógrafos, esmerada educação, tendo como Mestres os maiores oradores e jurisconsultos de sua época, daí a sua formação de Estadista, orador e filósofo romano. (Biografia extraída da UOL Educação, via internet).

     Conforme a mesma fonte, o seu primeiro triunfo ocorreu no Fórum de Roma,  no ano 80 antes de N S J Cristo, ao defender Sextio Róscio Amerino, justamente num processo que teve notável importância política. O fato de ter conseguido a absolvição do réu o fez inimigo do ditador Sila. Esta vitória acabou obrigando M T Cícero a ir para a Grécia, obviamente a fim de escapar da vingança do seu desafeto, onde teve a oportunidade de se dedicar ao estudo da filosofia. Retornando a Roma já depois da morte de Sila, foi recebido por seus amigos e simpatizantes, tendo granjeado junto à Sociedade romana grande prestígio.

    Precisamente no ano 76 antes da era Cristã foi eleito questor, a fim de servir na Sicília, “fazendo-se respeitar pelo povo como um administrador justo. Sua reputação cresceu em 70 antes de Cristo, com a acusação ao ex-governador da Sicília, Caio Licínio Verres, por extorsões. Pouco tempo depois foi eleito edil (69 a.C.) e pretor (66 a.C.).”

      Na qualidade de pretor, Cícero pronunciou o seu primeiro discurso político e   houve por bem reivindicar para o seu amigo Pompeu, o comando das tropas romanas, contando com o apoio dos "optimates", vale dizer “elementos conservadores do Senado”. Em 63 antes de Cristo foi eleito cônsul, obtendo duas importantes vitórias, a saber: defende exitosamente  “o senador Caio Rabírio contra a acusação de traição lançada por Júlio César, e denuncia a conspiração do anarquista Catilina, pronunciando as quatro célebres Catilinárias.”

     “Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? (01) Quam diu etiam furor iste tuus eludet?(02) Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia? (03)  - (01) Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência? (02) Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós? (03)A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia”.

      Mesmo sabendo que Caio Júlio César não concordaria com a morte dos conspiradores sem julgamento, obteve aprovação. A ameaça de Catilina havia unido todos os conservadores, e Cícero, no auge da sua carreira, aclamado como salvador da República, pretende estabelecer a política do "acordo entre as classes". (Idem, ibidem).

     Cícero, com o propósito de fustigar César, “necessitava de forte apoio político e pensou encontrá-lo na pessoa de Pompeu”, todavia este já fora convidado para participar do primeiro triunvirato, composto por César, Crasso e o próprio -  uma vez permitida a eleição de Clódio, inimigo político de Cícero para o tribunato, ameaçado por ele, que substituíu Júlio César em Roma durante a guerra na Gália, Cícero tratou de exilar-se.

      Um ano de exílio, pouco mais ou menos, Cícero, retorna à Cidade de Roma, sendo avisado para não criar problemas, tendo evitado compromissos políticos, dedicando-se à literatura. “O assassinato de Clódio deu-lhe oportunidade de defender o criminoso, mas, “tendo que se submeter às novas regras processuais, não conseguiu ler o elaboradodiscurso que havia preparado, o que provocou a condenação do réu Milone.”

      No ano seguinte, Cícero foi designado como pro cônsul, para o governo da Cilícia. Ao regressar, no final do ano 50 a.C., encontra Roma mergulhada na guerra civil entre as tropas de Pompeu e César. Ligado ao primeiro, abandonou-o, contudo, após a derrota de Farsália, mas, tornando-se suspeito tanto aos olhos dos vencidos como aos dos vencedores, teve de esperar pelo perdão de César para voltar a Roma.

      Para se entender a organização do governo em Roma, creio ser de fundamental importância a leitura de um interessante texto, escrito pelo historiador grego Políbio, o qual foi testemunha ocular da vida na república romana.

      “Cícero teve um caráter indeciso, além de exagerada vaidade, e cometeu numerosos erros políticos. Sempre subestimou seus oponentes e exagerou as virtudes dos amigos. Parecia não compreender a debilidade fundamental da administração da república romana: ausência de mecanismos asseguradores da lei e da ordem e o controle dos exércitos. Mas sua honestidade, patriotismo e dons intelectuais são realmente incontestáveis. De temperamento moderado e oportunista, soube mostrar grande energia ao debelar a conspiração de Catilina e opor-se a Marco Antônio, já no final de sua vida.”

Filósofo de indiscutível intelectualidade e de não menos grandeza. Obrigado a aceitar os anos de ócio forçado pela ditadura, produziu verdadeira biblioteca de escritos filosóficos. Como filósofo, Cícero foi eclético, divulgador do pensamento grego. A ele, dizem os seus biógrafos, devemos o conhecimento de muitas doutrinas que, de outro modo, estariam perdidas. Dotou, primeiro Roma, depois a Europa, de um vocabulário filosófico. Conceitos como "qualidade", "individual", "indução", "elemento", "definição", "noção", "infinidade", etc... foram por ele introduzidos na língua latina.

A maior parte de seus trabalhos filosóficos foi escrita entre os anos 45 e 44 antes de Cristo. Anteriores a essa data são: "Sobre a república" e "Sobre as leis", em que tenta interpretar a história romana em termos da teoria política grega. Outras obras são: "Sobre a consolação" e "Sobre os objetivos da ética", exposição e refutação do epicurismo e do estoicismo; "Discussões em Túsculo", diálogos sobre a dor, a morte e a virtude; "Sobre a natureza dos deuses", "Catão o velho ou sobre a velhice", "Sobre a adivinhação", "Sobre a amizade" e "Sobre Otávio, no entanto, vencedor na guerra, constitui com Marco Antônio e Lépido o segundo triunvirato. Seguem-se as execuções dos oposicionistas, e Cícero é um dos primeiros a ser morto, justamente em dezembro de 43. Sua cabeça e suas mãos foram decepadas e em seguida expostas ao povo nas tribunas dos oradores no fórum romano.

Representante da latinidade clássica, Cícero teve através dos séculos uma influência enorme. Na Idade Média - e até o século XVIII - os homens verdadeiramente cultos da Europa inteira falaram e escreveram a língua de Marco Túlio Cícero, que, quando não precisa de efeitos retumbantes - como nas cartas particulares,  tem estilo elegante e coloquial.

Sob a égide de Cícero criou-se o tipo do "homem de letras": sob esse aspecto, sua inconstância política é a do intelectual inconformado com a disciplina partidária e por isso sempre alvo de apreciações divergentes. Algumas de suas obras nos deram grande parte do atual conhecimento da filosofia grega, enquanto outras influenciaram profundamente a ética cristã e a moral leiga moderna, pela sua compreensiva sabedoria humana. Não foi sem razão o elogio de Federico Engels:

“O povo grego contribuiu de tal forma para a grandeza do Mundo Ocidental, que outro jamais poderá pretender o seu lugar na História”. 
                                      
O notável filósofo e escritor grego Plutarco, escreveu uma instigante biografia sobre Marco Túlio Cícero, cujo historiador certamente o incluiu entre os seus Varões.
Resta-me agora agradecer o comparecimento quer dos meus queridos familiares e dos notáveis integrantes desta Academia Cearense de Retórica, quanto das demais congêneres, bem como dos meus diletos amigos, de ontem, de hoje e de sempre.

Muito obrigado
TENHO DITO.


quarta-feira, 6 de julho de 2016